10 Maio 2023      13:41

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Aumento do preço da água do Alqueva para regadio fica nos 24%

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação

O preço da água de Alqueva para regadio vai ter um aumento na ordem dos 24%, valor “bastante mais baixo” do que aquele que se previa no passado mês de fevereiro, anunciou ontem, terça-feira (09), Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação, citada pela agência Lusa.

“É um aumento, mas é um aumento bastante mais baixo em relação àquilo que era expectável”, considerou a ministra, junto dos jornalistas, após uma reunião do Conselho para o Acompanhamento do Regadio (CAR) do Alqueva, em Beja.

De acordo com a governante, o impacto dos preços da energia em Alqueva “é brutal e implicaria um aumento do tarifário [da água para regadio] em cerca de 140%”.

Ainda assim, sublinhou, foi criada pelo Governo “uma plataforma de equilíbrio” que fez com que o aumento do tarifário se situasse “na ordem dos 24%”, o que representa uma subida do preço em “um cêntimo por metro cúbico”.

A apresentação do valor inicial para o aumento do preço da água de Alqueva, nos distritos de Évora e Beja, foi feita a 01 de fevereiro, numa reunião do CAR de Alqueva e, desde essa altura, este tem dado origem a críticas de associações e federações agrícolas.

Na sede da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), onde foi realizada a reunião, a ministra referiu ainda, em declarações aos jornalistas, que o tarifário, que se encontra em vigor desde o início de maio, vai ser aplicado durante um ano, acrescentando ainda que o Governo vai investir aproximadamente 70 milhões de euros na instalação de sistemas solares fotovoltaicos (em terra ou flutuantes) para a produção de eletricidade, no empreendimento de Alqueva.

“Para produzirmos energia limpa e, com isso, podermos baixar os custos de produção” e o preço da água, afirmou Maria do Céu Antunes, que contou também com a presença de Gonçalo Rodrigues, secretário de Estado da Agricultura, na reunião, durante a qual se propôs aos agricultores que cooperassem com o Governo na criação de um livro branco para o regadio público.

“Qual é o modelo de governação que queremos para esta utilização da água, que é absolutamente determinante para podermos garantir a competitividade e a sustentabilidade da atividade agrícola”, perguntou.

Para António Parreira, da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), é uma boa notícia que o aumento do preço não seja tão alto e que este ainda possa vir a descer futuramente, referiu, também em declarações aos jornalistas.

Ainda assim, o responsável deixou críticas ao Ministério liderado por Maria do Céu Antunes, queixando-se de falta de diálogo com os agricultores para a tomada da decisão e considerou que esta “não é altura para se anunciar preço” da água.

“Estamos quase a meio da campanha, com as culturas todas efetuadas e os agricultores vão ser confrontados com mais um aumento do preço da água”, salientou, avisando que “o planeamento da agricultura faz-se no outono, não é em fevereiro ou maio”.

O facto de o momento escolhido para o anúncio do aumento das tarifas coincidir com o decorrer da campanha foi também criticado por João Cavaco Rodrigues, presidente da Associação de Proprietários e Beneficiários do Alqueva (APBA), que o considerou “um bocadinho fora de tempo”.

“É complicado, no meio da campanha, termos que assumir um preço diferente, porque os investimentos e as plantações estão feitas”, concluiu.

 

Fotografia de rtp.pt