2 Fevereiro 2022      10:27

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Alqueva é “responsável por mais de 4% da energia hídrica” do país

O Alqueva, após 20 anos a encher, produz energia, reforça abastecimento de água a 200 000 habitantes, rega 130 000 hectares e está a expandir-se para beneficiar mais 20 000, tendo já recebido um investimento de 2 427 milhões de euros.

Em declarações à agência Lusa, José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), afirmou que o investimento foi feito até final de 2021, nas valências agrícola, energética e de abastecimento público.

Lembre-se que, a 8 de fevereiro de 2002, fecharam-se as comportas da barragem e começou o enchimento da albufeira do Alqueva, que já atingiu o pleno armazenamento por quatro vezes e fez três descargas controladas.

Segundo a EDIA, o projeto poderá contribuir com mais de 500 milhões de euros anuais para o Produto Interno Bruto do Alentejo e criar mais de 10 000 empregos permanentes nos setores agrícola, agroindustrial e do turismo.

Na valência agrícola, a EDIA acabou em 2016, nove anos antes do previsto, a construção das infraestruturas para regar os 120 000 hectares (ha) da primeira fase, nomeadamente barragens, reservatórios e blocos de rega que armazenam, regularizam e distribuem a água.

Depois, para otimizar o projeto, a empresa identificou quase 50 000 ha de novas áreas com potencial para receber água do Alqueva.

Destes, cerca de 10 mil, dos novos blocos de rega de Évora, Viana do Alentejo e Cuba/Odivelas, estão em condições de regar na próxima campanha.

O responsável adiantou que a EDIA prepara candidaturas ao Programa Nacional de Regadios para financiar a construção de mais quatro blocos, num investimento de cerca de 180 milhões de euros para regar mais cerca de 20 000 hectares.

Trata-se dos blocos de Póvoa/Amareleja, Vidigueira, Reguengos e Messejana – este incluirá a ligação à albufeira do Monte da Rocha –, que deverão começar a regar até 2025.

Segundo José Pedro Salema, a adesão dos agricultores ao regadio do Alqueva, em 2021, foi “superior a 97%”, “uma percentagem muita rara em perímetros públicos”.

No ano passado, a EDIA teve 2 675 clientes que usaram água do Alqueva para regar 117 595 hectares, dentro e fora dos perímetros do projeto.

A “esmagadora maioria” das culturas na área do Alqueva são permanentes, com destaque para olival (63 000 ha), amendoal (18 000 ha) e vinha (5 000 ha).

Alqueva é “responsável pela maior ‘fatia’ de azeite produzido em Portugal” e “já é o maior produtor de amêndoa do país”, frisou.

Quanto ao abastecimento público de água, foram concluídas, em 2010, as ligações entre a albufeira “mãe” de Alqueva e as albufeiras de Alvito, Roxo, Monte Novo e Enxoé.

Com estas ligações, o projeto passou a reforçar, sempre que necessário, o abastecimento público a 13 concelhos alentejanos, incluindo os de Beja e Évora, num total de mais de 200 000 habitantes.

Este número irá crescer com a ligação do Alqueva à albufeira do Monte da Rocha, que abastece os concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e parte dos de Odemira e Mértola.

Na valência energética, a EDIA construiu as centrais hidroelétricas de Alqueva e Pedrógão, que começaram a funcionar em 2004 e 2006, respetivamente, e foram concessionadas à EDP, e terminou, em 2011, a instalação das cinco centrais mini-hídricas.

Alqueva é “responsável por mais de 4% da energia hídrica produzida em Portugal”, destacou José Pedro Salema, frisando que a EDIA também tem apostado na energia solar e já instalou sete centrais fotovoltaicas, uma delas flutuante, num total de 3,15 megawatts (MW).

Com a capacidade fotovoltaica e mini-hídrica instalada, a empresa produziu cerca de 7% da eletricidade que consumiu em 2021 e “ambiciona ser autossuficiente no médio prazo”.

A EDIA aguarda autorização para financiar a instalação de mais 10 centrais fotovoltaicas flutuantes junto das principais estações elevatórias, num total de 60 MW.

O Alqueva também é “uma oportunidade” e criou condições para o desenvolvimento do turismo na região, através da criação de várias ofertas de lazer, como cinco praias fluviais.

José Pedro Salema traçou como desafios futuros da EDIA tornar o projeto acessível a mais agricultores e preservar a qualidade e promover a sustentabilidade da água do Alqueva, “evitando o desperdício”.

 

Fotografia de twitter.com