8 Agosto 2018      09:19

Está aqui

Aeroporto do Alentejo, em Beja. Uma solução de interesse nacional

Por José Soeiro

 

Já muito se tem falado e escrito sobre a situação aeroportuária no nosso País. Fala-se e escreve-se, sobretudo, de situações negativas.

É o colapso do Aeroporto Humberto Delgado (Portela) em Lisboa que é neste momento um péssimo cartão-de-visita para um País que se afirma empenhado em consolidar a sua posição como destino turístico no plano internacional.

É o idêntico colapso que pode ocorrer com o Aeroporto do Algarve, em Faro, se não houver uma solução atempada, pois, segundo especialistas, poderá cair em situação similar à de Lisboa dentro de 3 ou 4 anos. Desviar aeronaves de Faro para Sevilha não é seguramente boa solução, nem para o Algarve nem para o País.

Entretanto, foge-se a uma abordagem séria sobre o importante e estratégico papel que o Aeroporto do Alentejo, em Beja, pode e deve ter, não só para evitar a repetição em Faro do que, dramaticamente, está a acontecer em Lisboa, mas, também, como solução capaz de viabilizar a continuidade do Aeroporto Humberto Delgado (Portela) por muitos e bons anos, sem necessidade do País investir centenas, se não milhares, de milhões de euros em soluções precárias, como o seria a construção do novo aeroporto do Montijo.

É preciso banir dos grandes meios de comunicação social, sobretudo das televisões, comentários irresponsáveis e tentativas de ridicularizar a utilização do Aeroporto do Alentejo, em Beja, através de afirmações insultuosas visando a intoxicação da opinião pública no sentido de dificultar uma correta apreensão do que está jogo com a utilização, estratégica e de interesse nacional, do Aeroporto do Alentejo, em Beja, no quadro das soluções aeroportuárias para o território Continental.

O Aeroporto do Alentejo, em Beja, está construído, não tem limitações de nenhum tipo, dispõe de mil hectares para o seu desenvolvimento, não tem nenhum tipo de problemas para se expandir, constitui uma infra-estrutura estruturante para um território como o Alentejo, que representa um terço do território Nacional e mais de metade de todo o interior do País, de que muito se fala, mas pelo qual muito pouco se tem feito.

O Aeroporto do Alentejo, se dotado de infra-estruturas ferroviárias, electrificadas e modernizadas, para velocidades elevadas (até 250 km/hora) e com a ligação à A2 pela A26 que liga o Aeroporto à grande Área Metropolitana de Lisboa, sobretudo a toda a zona a Sul do Tejo, pode contribuir para retirar da Portela o excesso de tráfego que está a conduzir ao seu colapso. Recorde-se que na A26 estão investidos já centenas de milhões de euros, não precisa de quaisquer estudos, todos eles estão feitos, só aguarda a decisão política para que as obras avancem e sejam concluídas.

Parte dos aviões de carga que hoje ocupam a Portela podem igualmente ser desviados para o Aeroporto do Alentejo, em Beja.

Consultem-se os trabalhos do reconhecido Professor e Investigador da Universidade do Algarve, Manuel Tão, e do Engº Elio, especialista em ferrovia, disponíveis em www.amalentejo.pt e facilmente se compreenderá que o Aeroporto do Alentejo, em Beja, não só constitui uma solução, para responder aos desafios que o País tem que enfrentar nos próximos anos, como pode ser um aeroporto complementar para as vizinhas regiões espanholas de Estremadura e Andaluzia que não dispõem de aeroportos para receber voos intercontinentais.

Lisboa não tem receber, como sucede actualmente, todos os voos que não têm como destino final a Capital. O Aeroporto do Alentejo, em Beja, dotado das infra-estruturas de que carece, pode recebê-los com vantagens significativas e são menos esses aviões a ocupar o Aeroporto Humberto Delgado (Portela) em Lisboa.

Claro que há sempre outras soluções. Uma delas é continuar a investir milhares de milhões de euros em novas remodelações ou na construção de novos aeroportos. Mas farão sentido estas soluções quando o País dispõe do Aeroporto do Alentejo, em Beja, cuja entrada em funcionamento, com as necessárias acessibilidades rodoferroviárias, é a resposta que menos custos tem para a bolsa das portuguesas e portugueses?

Não se tomem decisões precipitadas que podem ser ruinosas para o País. É necessário que as Portuguesas e Portugueses compreendam que esta é uma questão de Interesse Nacional, que não diz respeito apenas aos Alentejanos e compreendam que têm uma palavra a dizer sobre o assunto.

No imediato impõe-se travar a construção de um novo aeroporto do Montijo. Não se pode aceitar que num dia se diga que se vão exigir mais estudos de impacto ambiental à ANA/VINCI, que gere os Aeroportos de Portugal, e no dia seguinte se afirme que as obras do aeroporto do Montijo irão para a frente. Ou seja, ainda não há estudos, mas já são conhecidos os seus resultados?

Parem com as campanhas contra o Aeroporto do Alentejo, em Beja. Promovam um debate sério e responsável. O Aeroporto do Alentejo, em Beja, não é parte do problema mas sim da solução. Uma solução de interesse Nacional. 

 

José Soeiro é membro da Comissão Dinamizadora do AMALENTEJO, um movimento cívico, defensor do poder local democrático.

 

Siga o Tribuna Alentejo no  e no Junte-se ao Fórum Tribuna Alentejo e saiba tudo em primeira mão.