25 Junho 2020      12:52

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Aeronáutica em Grândola em dificuldades

A Lauak encontra-se a renegociar o contrato de investimento que assinou com a Aicep em dezembro do ano passado para construir uma nova fábrica em Grândola.

Este investimento de 32,9 milhões de euros na construção da fábrica, que conta com um apoio de 7,9 milhões do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, tem ainda o compromisso de criar 274 postos de trabalho diretos, 69 dos quais com grau de qualificação correspondente ao ensino superior. No entanto, a pandemia de covid-19 paralisou o setor aeronáutico, o que obrigou a empresa a avançar com despedimentos e a renegociar os termos do contrato que, nos termos em vigor, se traduziu também na atribuição de créditos fiscais em sede de IRC.

De acordo com o jornal online ECO, fonte oficial da agência responsável pela atração de investimento direto estrangeiro revelou que, “devido à situação de pandemia associada à doença Covid-19 e à crise económica dela decorrente, que afetou em primeira linha o setor de aviação e aeronáutico, a Lauak Aerostructures Grândola, SA comunicou à Aicep, no final de maio, a necessidade de renegociação do contrato de investimento celebrado com o Estado português, representado pela AICEP, relativo ao projeto de construção da nova unidade industrial de Grândola”.

A fonte garantiu ainda que a nova fábrica da Lauak, que é “um dos principais fornecedores de componentes metálicos, permutadores de calor, tanques de combustível e conjuntos estruturais para a indústria aeroespacial”, está praticamente concluída, e que, apesar da pandemia, “o projeto de investimento não ficou comprometido, encontrando-se já maioritariamente executado, quer do ponto de vista físico, quer financeiro”.

Ainda que no contrato esteja explícito que a empresa se compromete a criar 274 postos de trabalho, o facto de se encontrar agora num processo de despedimentos não configura uma violação do mesmo, de acordo com a informação apurada pelo mesmo jornal, porque a eliminação de postos de trabalho está a ser feita apenas na unidade de Setúbal, que foi construída sem apoios comunitários.

Hoje, dia 25 de junho, os representantes da DGERT (um organismo inserido no Ministério do Trabalho) e do SITE Sul – Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras reúnem-se com a administração do grupo francês devido a este processo de despedimento coletivo.

Fonte oficial da Aicep reconhece que “haverá necessidade de se proceder à renegociação do contrato de investimento celebrado em função do inevitável atraso que se irá registar no alcance dos objetivos contratuais estabelecidos, bem como de eventuais ajustamentos a introduzir na própria unidade industrial de Grândola”. No entanto, “esta renegociação terá de aguardar por uma estabilização do cenário a médio prazo que permita uma revisão das projeções económico-financeiras associadas ao projeto”.

Esta renegociação pode vir a pôr em causa premissas do contrato, publicado em setembro no Diário da República, que garantem que a implementação da unidade industrial iria dar origem “a um volume de negócios anual na ordem dos 30 milhões de euros, correspondendo este valor também ao volume de negócios internacional da Lauak Grândola, visto que toda a produção da empresa se destina à exportação”. Adicionalmente, o investimento previa ainda gerar “encomendas junto das empresas nacionais em torno dos quatro milhões de euros, em 2023, ano cruzeiro do investimento e, em 2027, alcançar um volume de vendas e prestação de serviços de cerca de 223,9 milhões de euros e de um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de cerca de 112,8 milhões de euros, ambos em valores acumulados desde 1 de janeiro de 2018”.