20 Fevereiro 2015      00:00

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Tramadesign é Made in Alentejo

Tramadesign é uma marca de design de Moda e Acessórios criada em 2007 que tem como conceito aliar o tradicional à modernidade. Viemos ao encontro de Marta Ricardo, responsável pela conceção deste projeto, para melhor ficarmos a conhecer a empreendedora por trás desta marca.

 

Tribuna Alentejo: Olá! Quem é a Marta Ricardo e como surgiu a ideia de criar a Tramadesign?

Marta Ricardo: Uma alentejana, natural de Azaruja, com 33 anos e Licenciada em Design Gráfico, mas a minha paixão sempre foi a moda. Desde sempre que percebi que a moda era o meu percurso natural e por isso segui o meu instinto e decidi aprofundar os conhecimentos com o Mestrado em Branding e Design de Moda.

A TRAMADESIGN surge há 7 anos para dar corpo às minhas ideias em diferente áreas do Design.

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TA: Como surgiu o gosto pela moda e pelo design? É algo que sempre esteve presente na tua vida?

MR: O gosto pela moda, pela arte, o design, o artesanato surgiu desde que me lembro de existir… fazia vestidinhos para as bonecas com as minhas avós, criava cartazes publicitários com colagens e pinturas com o meu pai, obrigava a minha irmã a fazer de modelo para as minhas peças e a mãe dava apoio moral a tudo isto J

Fiz o meu primeiro desfile com 12 anos e nunca mais parei. É um vício.

 

TA: Como defines a tua relação com o Alentejo?

MR: A minha relação com o Alentejo é identica ao meu relacionamente com a moda, por isso transporto as minhas vivências, caraterísticas, tradições e cultura, para as minhas peças. O Alentejo é a minha casa, é onde cresci e gostava de crescer profissionalmente.

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TA: De que forma as roupas que crias, as pastas, os acessórios… reflectem a identidade alentejana?

MR: Tal como disse anteriormente, transporto todas as minhas vivências para as minhas criações.

Tramadesign desenvolve padrões baseados em grafismos tradicionais. A última colecção de vestuário tem como inspiração os pontos bordados no tapete de arraiolos e as cores das planicies alentejanas.

Nos acessórios utilizo a cortiça que tão bem exprime as minhas origens Azarujenses.

 

TA: Apresentaste recentemente uma linha inspirada nos pontos bordados no tapete de Arraiolos. Qual é a sensação de ver concretizada uma ideia destas? De ver alguém a usar uma peça de vestuário totalmente criada por ti, até o próprio padrão do tecido?

MR: É muito gratificante ver que o nosso esforço e que a nossa dedicação e inspiração é reconhecida pelo público, pelos clientes e mais ainda quando alguém passa por nós com uma peça nossa vestida e que vai ter tantas outras vivências…

Tenho muita curiosidade por saber qual o carinho que cada umas das peças tem nas mãos de outras pessoas que não as minhas.

 

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TA: Quais são as principais etapas de um processo de criação deste género?

MR: É um processo longo e cheio possibilidades que vamos definindo no decorrer do caminho.

Em primeiro lugar há uma grande pesquisa para encontrar inspirações, depois começamos a definir caminhos e a esboçar desenhos dos padrões, cores, materiais e modelos de peças. Fazem-se as escolhas finais e deixamos de lado muitas outras (nunca sabemos se são as opções mais acertadas, por vezes temos que refazer essas escolhas).

Quando o tecido chega finalmente pronto para começar a cortar, fazemos os moldes em papel vegetal nas diferentes numerações e seguimos para o corte e a confecção.

Peças finalizadas, hora de divulgação, fotografias, vídeos, folhetos, catálogos….

Comunicação pronta, segue para mostra e venda… e volta tudo ao início.

 

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TA: Trabalhas sozinha ou há mais pessoas envolvidas na elaboração das peças?

MR: Eu faço parte criativa e confecção, mas com muitas opiniões dos amigos/colegas para fazer as escolhas. Na comunicação e promoção tenho outras pessoas a trabalhar comigo, a Sara que está na tramadesign desde Maio e a Joana  (minha irmã) que me ajuda desde sempre na comunicação por ser também a área de formação dela.

E muitos outros parceiros com quem troco experiências em diversas áreas.

Na impressão dos tecidos tenho fornecedores para me efectuarem esses processos. Quanto á confecção estou a procurar novas soluções.

 

TA: Quais são as principais dificuldades que encontras enquanto empreendedora? E ao nível de projecção da marca?

MR: A maior dificuldade que encontro enquanto empreendedora é a crise que atravessamos e o tamanho de mercado que conseguimos atingir.

Penso que há maior facilidade em desenvolver projectos,  maior abertura para parcerias e mais oportunidades de os podermos mostrar, mas o valor que a maioria dos clientes pode pagar por eles não é justo para quem os produz o que torna mais dificil o seu crescimento, pois quem tem poder de compra é um número muito limitado de pessoas.

Sei que uma possivel solução será a internacionalização, mas também para isso é necessário crescer e investir. Continuo a procurar esta e outras soluções, é um processo contínuo.

 

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TA: Que produtos vendes mais?

MR: Os produtos que vendo mais são os acessorios em cortiça pois tambem é para um publico mais vasto e por serem mais faceis de colocar em lojas direcionadas para o turismo.

 

TA: Sentes pena de vender alguns artigos?

MR: Existem peças pelas quais sinto mais afecto e gosto que fiquem entregues a pessoas que sei que vão cuidar bem delas e dar-lhe o devido valor e criatividade que elas merecem.

 

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TA: De que forma se pode adquirir as tuas peças? Onde fica o atelier Tramadesign? E através da página do facebook também é possível encomendar?

MR: As peças Tramadesign podem ser adquiridas no próprio atelier que se situa na rua Frei Bráz nº 36 em Évora. Encomendar atraves do facebook:  https://www.facebook.com/MartaCRicardo, no site : www.tramadesign.net, na loja virtual: https://www.etsy.com/pt/people/TramaDesignPT e em algumas lojas como por exemplo: “Gente da minha terra” em Évora, “Museu da Marinha” em Lisboa e “A loja da casa verde” no Porto.

 

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TA: Queres deixar alguma mensagem aos leitores que ainda não ouviram falar da Tramadesign?

MR: Tramadesign é uma marca alentejana virada para o mundo, direcionada para um público que gosta de ser surpreendido, que não segue um só movimento ou tendência e gosta de encontrar novos modos de fazer coisas. Quer ser uma contadora de histórias e tradições de forma contemporânea.

Os acessórios fazem uma fusão entre a tradição da arte corticeira e a modernidade dos cortes, tecidos e cores.

O vestuário encerra as culturas de hoje e as tradições de ontem. As colecções têm cortes simples e versáteis onde o diferencial são os padrões inspirados nos grafismos tradicionais.

Tramadesign tem como conceito aliar o tradicional à modernidade. Como disse Fernando Pessoa: “A verdadeira novidade que perdura é a que retoma todos os fios da tradição e os tece fazendo um motivo que a tradição não pode tecer”.