21 Maio 2015      11:49

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Sociedade do Bem

Há um projeto inovador na área da educação que já está a ser implementado. O seu nome é Sociedade do Bem e o objetivo é desenvolver a empatia, o altruísmo e a positividade das crianças através do exemplo. O Tribuna Alentejo conversou com Susana Pedro, fundadora deste projeto, para tentar compreender como funciona este programa de desenvolvimento emocional e social.

 
Tribuna Alentejo – Estamos a falar de uma proposta para uma nova sociedade? Como funciona?
Susana Pedro – A Sociedade do Bem tem como visão a construção de uma sociedade em que a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de sermos altruístas e positivos perante a vida esteja na base das relações humanas. Para fazermos desta uma visão comum a todos é essencial que se comece a desenvolver estas competências nas crianças, que é a fase da vida em que acreditamos que o mundo pode ainda vir a ser o que quisermos fazer dele. E a melhor forma de as inspirarmos é aproximando-as de bons exemplos, pessoas que sejam felizes por serem empáticas, altruístas e positivas.
 
 
 Tribuna Alentejo – E de que forma vão essas pessoas inspirar as crianças?
 Susana Pedro - São essas pessoas que, no âmbito deste projeto são consideradas mentoras, que irão escolher o tema do programa da “sua”  turma… ou do  grupo de crianças por exemplo de um ATL… Se imaginarmos um enfermeiro que acolhe animais abandonados… uma  professora que é voluntária num lar de  idosos… o tema poderá ser em torno dos animais ou em torno do contacto intergeracional… E será o  mentor a definir as atividades práticas, em articulação com  o professor e com o instrutor. Essas atividades pressupõem, regra geral, o  envolvimento não só das famílias mas como da comunidade.
 
 Tribuna Alentejo – Qual é o papel do instrutor?
 Susana Pedro – O instrutor é um colaborador da Sociedade do Bem da área da educação, que apoia o mentor no desenvolvimento das  atividades. Está  presente em todas as sessões, reúne com os pais, estando em permanente contacto com eles porque neste tipo de programas  é essencial que a família se  envolva e continue a explorar em casa o que se passa nas sessões… É ele que faz a ponte entre a parte que é  dinamizada pelo mentor e as crianças.
 
 Tribuna Alentejo  –  E como são escolhidos esses mentores?
 Susana Pedro – Qualquer pessoa que considere ter o perfil certo e tenha vontade de inspirar as crianças pode preencher um formulário que  está disponível no  nosso site, que é o www.projetosociedadedobem.wordpress.com, explicando-nos de que forma intervém positivamente no  mundo que o rodeia e porque gostaria de participar. Será mais tarde contactado para conversarmos um pouco e ver de que forma pode ser integrado na equipa enquanto voluntário.
 
 
Tribuna Alentejo – E estes programas são desenvolvidos com todas as faixas etárias?
 Susana Pedro – Nesta fase, estamos a implementar em grupos de idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, ou seja com crianças que frequentem o 1º  ciclo (do 1º  ao 4º ano) mas é um projeto que, numa segunda fase, será para acompanhar as crianças até à adolescência.
 
 
 
 Tribuna Alentejo – No fundo trata-se de centrar a responsabilidade de educar as crianças em cada um de nós, enquanto cidadãos, quase como um  dever… Como  surgiu esta ideia?
 Susana Pedro – Quase toda a minha vida profissional foi dedicada ao ensino e à formação, bem como à coordenação pedagógica de grupos que diferentes  faixas  etárias, desde adolescentes a adultos com mais 50 anos… Só mais recentemente, quando trabalhei de uma forma mais direta com crianças do 1º ciclo,  surgiu em mim  esta vontade de criar um projeto em que pudesse criar laços com as crianças desta idade, um espaço para podermos confiar uns nos outros,  falarmos sobre as nossas  emoções, perceber a diferença entre o que está certo e o que está errado, colocarmo-nos no lugar dos outros, ver de diferentes  perspetivas…
 
 Sobretudo quando as crianças vivem uma mudança tão radical na passagem do pré-escolar para o 1º ano e deixa de haver este tempo e este espaço… É  importante pensarmos no desenvolvimento global das crianças e não exclusivamente nos resultados escolares, sob pena de as crianças crescerem com uma baixa autoestima, dificuldades em se relacionarem com os outros, problemas de indisciplina, de insucesso e/ou abandono escolar, agressividade…
 
 Tribuna Alentejo – Falaste em indisciplina escolar, insucesso, agressividade entre crianças. É um diagnóstico conhecido. A Sociedade do Bem pode  resolver  estes problemas?
 Susana Pedro – Acredito que possa ajudar nessa prevenção. Estamos a falar de problemas sociais complexos, que não têm uma única causa… Não havendo  fórmulas  mágicas para os resolver podemos tentar minimizá-los. Se as crianças compreenderem que todas as emoções, positivas ou negativas, têm um nome e  que há estratégias  para lidarmos de uma forma construtiva com o que sentimos… se elas souberem exprimir o que sentem, compreender de diferentes pontos  de vista, se tiverem autonomia  para pensar, para refletir sobre o mundo que as rodeia, estamos perante crianças responsáveis que baseiam as suas atitudes no  respeito pelos outros.
 
 
 Tribuna Alentejo – Um desejo e um pedido. Queres partilhar com os nossos leitores?
 Susana Pedro – Sim… Gostava de aproveitar a facilidade de comunicarmos hoje em dia através da internet, para pedir a todos os leitores dos Tribuna Alentejo  para se  ligarem à Sociedade do Bem, acompanhando as novidades na nossa página do Facebook, em https://www.facebook.com/sociedadedobem.org.
 
 Há várias formas de fazerem parte deste movimento: podem candidatar-se a mentores ou nomear alguém, se são pais ou educadores podem sugerir-nos uma  escola… Podem simplesmente dar-nos o vosso feedback, sugestões ou ajudar a Sociedade do Bem a crescer dando a conhecer a outros este projeto, partilhando no Facebook… Só com a colaboração de todos poderemos construir um futuro melhor e acreditar que o mundo pode vir a ser o que quisermos fazer dele. Desde já, muito obrigada! 
 
 
 
 Nota da redacção: Esta entrevista foi feita à margem do último  Open Coffee Alentejo , um encontro que juntou cerca de 30 empreendedores em Évora,  todos eles com vontade de mudar o mundo. O Tribuna Alentejo é um espaço aberto para os change makers e espera que todos eles consigam fazer a  diferença.