Nos dias seguintes ao dia mundial da poesia, e na falta de qualquer evento evocativo por parte da Câmara Municipal da cidade onde passou grande parte da sua vida, sinto-me na obrigação de relembrar Florbela.
Corrijo-me, não é uma obrigação, mas sim uma necessidade. Necessidade de, enquanto eborense relembrar um dos maiores marcos da poesia nacional que tão precocemente nos deixou.
Ler Florbela é partir numa viagem repleta de sentimentos de dor, solidão, abandono e insegurança. Mas é também descobrir formas de transmitir e escrever o amor de uma forma tão sensível e tão profunda que a cada linha temos a sensação de estar mesmo ao lado da autora de tais palavras, sentindo o que ela sentiu e bebendo dali toda a profundeza dos sentimentos de amor e paixão.
É realmente muito triste olhar para Évora no dia mundial da Poesia e não ver qualquer referência a uma das maiores poetisas portuguesas que escolheu a nossa cidade para viver grande parte da sua vida.
Foi também em Évora que viveu os seus últimos momentos antes de pôr termo à sua vida.
E o que é que Évora oferece em troca? Esquecimento.
Todo o município tem o dever de relembrar os seus, não deixando nunca que a memória dos mesmos se apague na futilidade das notícias do quotidiano.
Numa rápida passagem pela cidade e em algumas conversas em que fui participando e ouvindo foi claro o descontentamento com este “esquecimento”.
Não seria necessário muito investimento, bastava uma singela homenagem a uma referência da cidade num dia dedicado a todos aqueles que quiseram partilhar as suas palavras connosco em forma de poesia.
Afinal Florbela é:
“Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!