TRIBUNA ALENTEJO (TA) - Por que é que se candidata à Assembleia da República?
Paula Lebre (PL) - Porque vivemos uma grande crise de cidadania e de consciência coletiva. O neoliberalismo desencadeou um ambiente de competição e de sucesso com base em valores materiais e financeiros. A iniciativa privada está em desequilíbrio com a distribuição da riqueza e o mérito só é reconhecido pelos objetivos sem considerar os percursos. Nota-se logo na educação com os quadros de honra perante alunos de tão diferentes realidades e o desinteresse dos jovens pelas causas políticas.
TA - Que diferenças existem entre esta candidatura e as restantes?
PL - Esta candidatura não privilegia o poder. A prioridade é representar verdadeiramente a voz dos cidadãos. A verdadeira democracia representativa e não um sentido de poder em que os eleitos se consideram superiores e com mais direitos ao mesmo tempo que se demitem de responsabilidades com imunidade. Há que repor o sentido de missão nos atos políticos
TA - No seu entender, quais são os pontos fortes do Alentejo?
PL - Ambiente, paisagem, produtos endógenos, património e tipicidade cultural
TA - E os fracos?
PL - Envelhecimento da população. Pouca dinâmica empresarial e cívica. Falta de promoção do empreendedorismo jovem. Rede de transportes desadequados com as necessidades e sem visão estratégica. Por exemplo a ligação de duas cidades reconhecidas pela UNESCO (Elvas e Évora com linha férrea desativada)
TA - Ainda se justifica utilizar os termos “esquerda” e “direita” em política?
PL - No mundo globalizado e do conhecimento nada pode ser limitado por conceitos. A realidade não é linha reta e por isso há decisões que tradicionalmente se consideram de esquerda e outras que poderão ser interpretadas como de direita. Desde que sejam decisões pelo bem comum, não vejo qualquer problema. Contudo, o que está convenientemente indefinido é o estado em que vivemos no qual se cobram impostos com justificação de serviços públicos e ao mesmo tempo se privatizarem esses serviços com apoio e financiados pelo próprio estado. Isto sim seja de direita, ou de esquerda, é uma fraude!
TA - Portugal virado para a Europa e para a União Europeia, ou não?
PL - Sim, mas não só. Somos mais Atlântico que continental. Estamos em contacto com outros continentes além da Europa. Por isso, deveremos dar tanta importância estratégica á ligação à europa como ao resto do mundo.
TA - Regionalização: sim ou não?
PL - Depende da proposta de regionalização. Depende dos critérios de distribuição dos orçamentos e das competências e número de cargos eleitos.
TA - Se pudesse fazer um só projeto pelo seu círculo eleitoral, qual seria?
PL - Interação geracional, Educação para empreendedorismo, cidadania e literacia financeira.
TA - Como vê o Alentejo em 2020?
PL - Vai depender dos políticos. Por isso a urgência da cidadania!
Gostaria que o Alentejo venha a ser o que os alentejanos desejam.
No caminho que estamos neste momento a seguir não auguro coisa muito melhor ao presente. Lamento imenso a minha resposta!