21 Junho 2015      00:56

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O DIA MAIS COMPRIDO DO ANO

Hoje, 21 de junho, será o dia mais comprido do ano. Hoje, quando forem 16:38h, cumpre-se o Solstício de verão.

A palavra solstício, de origem latina sol+sistere - sol que não mexe – significa o momento em que o sol atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador; os raios de sol incidem perpendicularmente no Trópico de Câncer (no caso do de verão no nosso hemisférios).

Acontecem duas vezes no ano, nos dias 21 de junho e dezembro, devido aos movimentos de rotação e translação da Terra, e à desigual distribuição de luz solar entre os dois hemisférios. São um momento de transição e marcam o início do verão (o dia mais comprido) e do inverno (a noite mais longa), isso se for no hemisfério norte, pois no hemisfério sul acontece exatamente o contrário.

Nos círculos polares Ártico e Antártico, os solstícios representam 24 horas ininterruptas de dia ou de noite.

Na época primitiva, o Homem distinguia duas épocas: uma de frio e uma de calor; era assim que geriam e organizavam a sua agricultura; assim surgiu o culto àquele que providencia luz e calor, rei dos céus: o Sol.

O Sol é assim alvo de culto desde o início dos tempos, presumindo-se que tenha mesmo sido o primeiro objeto de idolatria do Homem.

Exemplos desse culto ao sol e aos ciclos agrícolas serão por exemplo o Cromeleque dos Almendres, em Évora, ou o mais famoso Stonehendge, na Inglaterra. Desde esta época que o Homem olha para os solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical. Saltavam fogueiras (um culto pagão praticado nos festejos dos Santos Populares, para dar força, saúde e boa sorte), agradecia-se e pedia-se pelas colheitas.

O Sol sempre foi considerado uma poderosa divindade e tem uma relação e simbolismo muito próximos do esoterismo e das religiões; este culto tem uma influência muito marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da Humanidade.

Nas várias culturas, a ao largo dos tempos, o Sol tem tido diversos nomes: para os caldeus ou babilónios era Bel ou Bal; para os sírios Elagabal; para os amonitas Moloque; Beelfegor para os boabitas; Mitra para os persas; para os egípcios era Osíris; para os fenícios de Adônis; Saturno para os cartagineses; para os gregos Hélios ou Febo e para os romanos Sol Invictus. Também era alvo de adoração e culto para os povos americanos como os incas e os astecas.

Ainda hoje, o sol marca presença até na denominação dos dias: Sunday – em inglês – e Sontag – em alemão- significam ambos “dia do sol”, domingo, um dia que também se tornou sagrado para o Cristianismo.

Também para o Cristianismo este acontecimento é especial, uma vez que acontece muito próximo da data de celebração do nascimento de S. João Batista, 24 de junho (embora existam algumas variações de cultura para cultura, e até ao largo dos tempos), dia de S. João. Isto apesar de, ao longo dos séculos, ter tentado apagar esta tradição pagã (e de outras religiões e culturas) e de, posteriormente e após o insucesso, a ter adaptado e integrado alguns ritos pagãos nas suas celebrações desta época.

É uma época muito importante para o povo e cultura portuguesa, mas não só; é-o para muitas partes do mundo.

Dizia Teófilo de Braga, na sua obra «O Povo Português Nos Seus Costumes, Crenças e Tradições» que «É justamente uma tal concepção primitiva que faz com que a festa do solstício de Verão seja comum a todos os povos indo-europeus, e ainda aos povos semitas; o fenómeno é diversamente dramatizado, mas entre os povos europeus toma a expressão de um Combate de Verão expulsando o Inverno (24 de Junho), ou a sua inversa, a expulsão do Verão pelo Inverno (24 de Dezembro). (...) nos antigos prazos portugueses notou João Pedro Ribeiro, que o ano era sempre contado de São João a São João, e no Alvará de 1 de Julho de 1774, chamou-se-lhe ano irregular. (...) entre os povos eslavos é onde se apresenta mais completo, correspondendo muitas das suas particularidades a costumes portugueses (...). Por um documento da Câmara de Coimbra, de 1464, citado por Viterbo, se nota a forma de combate: "cavalhada na véspera de São João com sina e bestas muares". Em outros povos, esta cavalgada ficou simplesmente lendária, na Mesnie Furieuse, que tanto se localiza no solstício diurno (circa horam medirianam) como no solstício vernal. (...) Nos costumes provinciais conservam-se quase todas as formas dramáticas desta antiquíssima festa solsticial.

(...)

Na Beira Alta acende-se um facho no cimo dos montes (o galheiro) ou na ceira das azenhas (a roda, que ainda na Alemanha se deixa rolar dos montes). O facho, como escreve Leite de Vasconcelos, é um pouco de lenha em volta de um pau alto. Os rapazes que o vão acender levam músicas de tambores e pífaros, e grandes algazarras. O monte é além disto cercado de pinhas acesas.» (...) Nos Açores, fazem-se as fogueiras na rua, e os rapazes saltam por cima das labaredas; o mesmo no Algarve e no Alentejo.»

 

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