18 Maio 2015      12:57

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MÉRTOLA

Dentro de dois dias Mértola vai ser outra. Se acha interessantes as recriações históricas então esqueça. O que Mértola vai oferecer é mais genuíno que isso, é um enorme souk (mercado) árabe, daqueles que encontra em Marraquesh, ou noutras cidades árabes. Artesanato, doces, tecidos e latoaria só apenas alguns dos produtos que vai encontrar em grande variedade.

Não vão faltar dançarinas, cantores e músicos. A música por estes dias celebra o encontro de culturas e por entre vozes de cante alentejano ouvem-se acordes de alaúdes e o batuque de uma darbuka. As noites do festival são um claro convite à descoberta de novos sons: no cais, no castelo, na praça ou recantos da vila, as noites são feitas de mais música, de música nova, cheia de ritmos ora fulgurantes ora mais intimistas de artistas de todo o mundo árabe.

Mas vai ser poupado dos caça moedas, que pululam em volta dos turistas. Mas não se escapa ao regateio com os vendedores, o que, admita-se, também nos corre no sangue. É o melhor de dois mundos e que decorre de 21 a 24 de Maio e que inclui a inauguração de uma réplica de uma casa árabe, na zona da Alcáçova do Castelo de Mértola.

E como chegámos à Mértola de hoje?

Primeiro vieram os romanos e chamaram-lhe Myrtilis Iulia. Entretanto ocuparam-na os Visigodos até que a invadiram os muçulmanos, e aí passou a Mârtulah e foi tão importante que chegou a ser capital de um pequeno emirado islâmico, a Taifa de Mértola e valioso entreposto comercial do "mundo mediterrânico". 

E nas mãos dos muçulmano permaneceu até D. Sancho II, por esforço de Paio Peres Correia, a ter tomado em 1238. É curioso que isso tenha acontecido há 777 anos. 

E se acham que este foi um período tenebroso por causa da ocupação muçulmana, desenganem-se. É que segundo o professor Cláudio Torres não só nunca se deu uma islamização forçada como a ideia dessa islamização forçada apenas serviu para justificar uma invasão militar do mundo cristão. O arqueólogo defende que houve antes conversão e sustenta isso no facto de igrejas terem sido adoptadas como mesquitas e depois novamente como igrejas e que no fundo eramos o mesmo povo mediterrânico, com uma mesma cultura, que só a religião veio fazer distinguir.

Mais informação aqui, a mesma origem da imagem de capa.