29 Setembro 2015      00:16

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JORGE DE JESUS

TRIBUNA ALENTEJO (TA) - Porque é que se candidata à Assembleia da República?

Jorge de Jesus (JJ) - Candidato-me à Assembleia da República pelo simples facto de estar farto de ver os mesmos partidos e os mesmos políticos falharem constantemente aos Portugueses. Fartei-me de ver o enorme potencial do meu país a ser desperdiçado, e por isso o futuro dos jovens portugueses a ser comprometido, por aqueles que evidentemente ou não sabem o que estão a fazer ou não o querem fazê-lo.

Eu desde muito jovem que fui obrigado, mais a minha família, a procurar uma vida melhor noutras paragens. E é por ter vivido a vida de emigrante, por saber o que é que custa estar-se longe do país e das gentes que nos são tão queridas, que eu quero lutar para que no futuro nenhum jovem português se veja obrigado a sair de Portugal porque o seu país não lhe soube dar uma vida e um futuro digno.

Decidi que era altura de sujar as mãos e de lutar por um futuro melhor para o meu país e para os Portugueses.

 

TA - Que diferenças existem entre esta candidatura e as restantes?

JJ - A minha candidatura não se baseia em falsas promessas – quem conhece minimamente a política sabe que fazer promessas em tempo de eleição não vale quase nada, e resume-se simplesmente a aventar areia para os olhos dos Portugueses. Só quando se chega ao governo é que se pode dizer com certeza o que poderá ou não ser feito. Por isso, em vez de gastar o tempo dos Portugueses com falsas promessas, a minha candidatura baseia-se em causas concretas, pelas quais lutarei não só durante o tempo de campanha mas também após o dia 4 de outubro.

Estas causas são as seguintes: 1) a luta constante contra a desertificação do interior, 2) apostar no investimento e no desenvolvimento sustentável do interior, com ênfase especial no sectores energético, agro-alimentar e turistico, 3) a luta por um futuro mais próspero para os nossos jovens, algo que passará por uma extensa reforma do sistema de educação, 4) a defesa de reformas estruturais e de uma governação mais eficaz, sobretudo na Segurança Social e no Sistema Nacional de Saúde, e 5) o desenvolvimento de uma Nova Democracia em Portugal, centrada no cidadão e baseada na confiança.

 

TA - No seu entender, quais são os pontos fortes do Alentejo?

JJ - O Alentejo tem um potencial enorme que vai para além da sua riqueza agrícola. Deve sublinhar-se, sem dúvida, o potencial humano e natural do qual dispõe esta região. Se há coisa da qual me orgulho é das gentes do Alentejo, da sua ética de trabalho, da tremenda resistência que têm mostrado ao longo da história. Os jovens Alentejanos, que tanto potencial mostram, devem ter acesso a mais oportunidades para desenvolver este potencial e ter um futuro próspero.

Gostaria, por fim, de sublinhar a riqueza natural desta região, não em termos agrícolas, mas em termos climáticos. O Alentejo dispõe de um clima e de uma zona costeira propício à produção de energia renovável em grandes quantias, produção esta que serviria não só para satisfazer as necessidades dos Portugueses, mas também para exportar, e assim trazer mais riqueza à região e ao país.

 

TA - E os fracos?

JJ - O maior ponto fraco da nossa região é a falta de inovação. Isto deve-se, sem dúvida, à negligência à qual temos sido sujeitos durante décadas a fio. Esta falta de inovação deve-se, evidentemente, às políticas que têm sido levadas a cabo pelos principais partidos políticos e por sucessivos governos de Lisboa. Se houver uma maior ênfase na inovação no Alentejo, então a nossa região tonraria-se sem dúvida numa das ricas de Portugal.

 

TA - Ainda se justifica utilizar os termos “esquerda” e “direita” em política?

JJ - Quando olho para a Assembleia da República e vejo os políticos de “esquerda” a brigarem com os politicos de “direita”, e vice-versa, compreendo o porquê de os Portugueses estarem fartos e saturados da política nacional, e de não confiarem nos políticos. A Assembleia da República, principal corpo representativo dos Portugueses, tem uma tremenda falta de bom senso, e os seus membros deixam esta ideia de “esquerda” e de “direita” agir como um obstáculo ao compromisso e à boa governação do país.

É óbvio que haverá sempre diferenças ideológicas entre os políticos...é assim que funcionam os seres humanos. E tais diferenças até não são própriamente algo de negativo: é esta diversidade de opinião que faz da democracia a melhor forma de governação que temos de momento. Contudo, para que haja boa governação é preciso haver bom senso, e acima de tudo uma vontade de compromisso, que é algo que os partidos políticos que agora marcam presença na Assembleia da República e no governo não têm mostrado.

 

TA - Portugal virado para a Europa e para a União Europeia, ou não?

JJ - Não existem dúvidas que o futuro de Portugal é, e deve ser, virado para a a União Europeia. Nós como Europeus que somos devemos participar inteiramente neste projeto, e tomar até uma posição de liderança nele. A União Europeia fornece-nos com oportunidades riquíssimas, sobretudo económicas, mas também em termos de expansão cultural e intellectual.

Todos nós sabemos que a Europa tem passado um momento difícil nestes últimos anos, e que o nosso país foi um dos que sofreu mais. Contudo, apontar o dedo à União Europeia pelas dificuldades que temos passado seria errado, e seria usarmos um projeto com imenso potencial como bodo espiatório para problemas causados pelos nossos principais partidos e pelos nossos políticos. A União Europeia precisa, sim, de ser reformada, e ao precebermos isso cabe-nos a nós tomar uma posição de liderança e ajudar a reformá-la.

Dito tudo isto, deveremos ter também um Portugal virado para o mundo. É esta a herança do nosso país e da nossa nação: Portugal não deve limitar-se, e ao estarmos virados para a Europa e para o mundo, estaremos a garantir a prosperidade do nosso país, da nossa cultura e dos Portugueses.

 

TA - Regionalização: sim ou não?

JJ - É certamente uma opção a ser discutida, mas só implementada se houver certezas concretas de que tal sistema trará benefícios concretos ao Alentejo, benefícios esses que seriam impossíveis de assegurar continuando nós a existir no actual sistema. Apoiar uma medida só por apoiar é inconsequente, e resume-se simplesemente a falar para não estar calado.

 

TA - Se pudesse fazer um só projeto pelo seu círculo eleitoral, qual seria?

JJ - O futuro do Distrito de Portalegre, e do Alentejo em si, está nos sectores que eu já referi: no sector energético, no agro-alimentar e no turistico. Eu investiria na expansão do sector energético no Distrito de Portalegre. O nosso distrito tem as condições climáticas necessárias para a produção, e até exportação, de energia solar e eólica. Tal projeto, que incluiria certamente inovação tecnológica e maiores sinergias entre estabelecimentos de educação e o sector, resultaria na criação de mais postos de emprego e numa maior riqueza para o distrito.

 

TA - Como vê o Alentejo em 2020?

JJ - O Alentejo encontra-se numa situação crítica da sua existência, e o Alentejo em 2020 dependerá em grande parte da escolha que os Portugueses fizerem nas eleições do dia 4 de outubro. Se os Portugueses votarem nos mesmos partidos pelos quais têm votado durante estas quatro décadas de democracia que temos tido, partidos esses que nos conduziram diretamente à situação crítica em que nos encontramos agora, então o Alentejo será um deserto daqui a cinco anos. A desertificação do interior aumentará, e o governo de Lisboa continuará a ignorar as necessidades das terras e das gentes do Alentejo, como de facto tem sido até agora. A nossa região, que tanta história tem, que tanto potencial tem, continuará a ser arrastada na lama por políticos que não se interessam por ela.

Contudo, se os Portugueses decidirem fazer diferente nestas eleições e decidir votar no único partido que zela verdadeiramente pelos seus interesses, então em 2020 o Alentejo poderá ser uma das regiões com maior desenvolvimento em Portugal. Será uma região rica, inovadora, e com os olhos postos sempre no futuro.