31 Março 2015      14:01

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Entrevista a Paula Paulino

Paula Paulino

Tem 43 anos, é licenciada em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e Mestre em Empreendedorismo e Inovação.

Trabalhou com a Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias e foi coordenadora da área de apoio às empresas na Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL).

Falamos de Paula Paulino, Directora Executiva do Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE) e futura Directora da estrutura de incubação de empresas que está a nascer no NERE.

Viciada no trabalho, que gere com equilíbrio com a sua vida familiar, incansável e disciplinada, Paula Paulino é exímia em fazer pontes e construir parcerias, como reconhece a generalidade dos profissionais com quem tem trabalhado, características que a sua modéstia diz serem exageradas pelos amigos.

O Tribuna Alentejo conversou com ela,  num pequeno intervalo que antecedeu um seminário em empreendedorismo para jovens, onde foi oradora.

Tribuna Alentejo - É Directora Executiva do NERE desde Setembro de 2013, vinda da ADRAL. Como se operou essa mudança?

Paula Paulino: A mudança faz parte da vida e esta mudança foi por mim encarada como um novo desafio profissional. Encarei-a como uma oportunidade de concretizar alguns dos princípios que venho defendendo para a região, nomeadamente a necessidade de cooperação, de inovação nas empresas.

Estou convicta que o NERE enquanto Associação Empresarial tem um papel fulcral no apoio ao desenvolvimento económico do Alentejo Central e na sua dinâmica empresarial.

Acredito que Juntos podemos fazer a diferença, porque "JUNTOS FAZEMOS MELHOR" e é este o lema do NERE.

Tribuna Alentejo - O NERE representa quantas empresas neste momento? Que sector tem maior peso nesta estrutura associativa.

Paula Paulino - O NERE representa atualmente cerca de 250 associados, dos diversos setores de atividade, sendo o setor terciário o que tem maior peso na estrutura associativa.

Tribuna Alentejo -Que primeiros desafios teve que enfrentar?

Paula Paulino - Um dos primeiros desafios foi efetivamente posicionar o NERE enquanto Associação Empresarial de referência na Região, reforçando a sua presença junto das empresas e ao nível institucional. Consideramos que é fundamental para a Associação, o envolvimento e a participação ativa de todos, bem como os seus contributos em matérias decisivas para o crescimento e competitividades das suas empresas. Realizamos desde logo, um inquérito às empresas dos 14 concelhos do Alentejo Central, área de intervenção do NERE, em parceria com os Municípios e outras e entidades, com o intuito de aferir quais as expectativas dos empresários a curto e médio prazo bem como as suas necessidades nas mais variadas áreas.

Com base nestes resultados, foi elaborado o nosso Plano de Atividades e alinhámos os serviços a oferecer às empresas e empreendedores da nossa região.

Tribuna Alentejo -O que mudou desde então no NERE?

Paula Paulino - Acreditamos que o NERE está mais próximo das empresas e empreendedores, não só pelo aumento do número de associados, mas pelas iniciativas que temos realizado nos diversos concelhos, onde estamos a lançar Redes de Empresas, o que nos permite estar mais perto das mesmas e das suas necessidades. Estabelecemos igualmente parcerias estratégicas com diversas entidades e serviços da região, em prol do conhecimento das empresas e do acesso à informação.

Lançámos o FORUM EMPRESARIAL DA REGIÃO ALENTEJO, criando uma comissão organizadora com as outras associações de cariz empresarial e uma Comissão de acompanhamento composta por empresas e entidades diversas e setoriais, demonstrando que é para nós estratégico a cooperação entre todos os que contribuem para o desenvolvimento económico da região.

Tribuna Alentejo -O futuro Centro de Negócios do Alentejo será brevemente uma realidade. Quando se prevê a abertura? Em que consiste este Centro de    Negócios, isto é, que valências, o que inova em termos de serviços prestados?

Paula Paulino - O Centro de Negócios do Alentejo é uma iniciativa co-financiada pelo InAlentejo e enquadra-se no âmbito da Estratégica do SRTT - Sistema Regional de Transferência de Tecnologia.  A sua inauguração está prevista pra Junho de 2015.

Este Centro de Negócios tem como objetivo a requalificação do espaço do NERE, dotando-o das condições necessárias para oferecer às empresas, empreendedores e potenciais investidores um espaço de negócio na região Alentejo.

Este projeto contempla a criação de um espaço de incubação física, um espaço de Co-work dedicado a novos projetos que estejam em fase de arranque ou recém-criados, um espaço de "negócios" para a promoção de encontros de matching entre empresas, um espaço "Criatividade e inovação", salas de formação, salas de reunião e sala multiusos para eventos e demonstrações.

O Centro de Negócios passará ainda a oferecer um conjunto de serviços a quem queira utilizar temporariamente ( horas ou dias) as nossas instalações como escritório, disponibilizando para o efeito todos os equipamentos físicos e tecnológicos necessários.

Será igualmente lançado com o Centro,  a "Loja do Empresário" que comporta uma oferta de serviços que vão desde o apoio à criação até ao acompanhamento e crescimento da empresa, nas mais diversas áreas e se necessário o próprio encerramento.

Dispomos igualmente de uma base de consultores e mentores disponíveis para apoiar e acompanhar as empresas e empreendedores.

Vamos lançar a Rede de empresas NERE, cujo objetivo é facilitar e incentivar à troca de contactos e serviços entre empresas associadas, apostando na sua competitividade e desenvolvendo novos projetos em cooperação, em áreas como a inovação, o design, a criatividade, a qualificação e internacionalização.

Tribuna Alentejo - É interessante estarmos a falar de um Centro de Negócios do Alentejo e não de um Centro de Negócios de Évora. Também é interessante o mote do NERE "Juntos Fazemos Melhor" na medida em que apela a uma união, o que pode significar que ela não existe ou é débil.

Estamos a caminho mais de uma visão Alentejo e menos de uma visão de vários Alentejos? Como avalia a relação entre os núcleos empresariais do Alentejo?

Paula Paulino: Julgo que não haverá dúvidas de que este é o caminho. Enquanto Associações temos que estar unidos naquilo que é o reforço da capacidade de apoio aos empreendedores e empresas, bem como em questões como o Marketing Territorial (Como atrair investimento e novos residentes para a região?).

Nesse sentido as Associações empresariais têm vindo a apostar em projetos e iniciativas conjuntas, permitindo assim uma maior eficácia nas iniciativas desenvolvidas e estimulando a cooperação entre as diferentes empresas da Região.

Temos consciência da dimensão das nossas empresas e o quanto é importante minimizar os custos, beneficiando de ações conjuntas e concertadas em vez de ações individuais e pontuais, cujo resultado é manifestamente residual.

Tudo temos feito e faremos para que este trabalho conjunto traga mais resultados em prol da defesa dos interesses das empresas e da competitividade do território.

Tribuna Alentejo - O Centro de Negócios do Alentejo é uma reconversão do enorme edifício do NERE, reconversão que receberá startups e pequenas empresas e procurará a dinâmica de uma incubadora de empresas. Ao lado deste futuro centro está (ainda em construção) o PCTA e o Évora Tech. Estamos a falar de três incubadoras vizinhas? Trabalharão em rede? Como está a ser construída essa rede?

Paula Paulino - Tendo em conta todos os investimentos que estão a ser realizados aqui em Évora, o NERE, a ANJE, o PCTA e a ADRAL, enquanto gestora da incubadora Evora Tech, têm realizado reuniões mensais que visam o estabelecimento de um Acordo de Parceria entre as quatro entidades para a promoção conjunta destas infra-estruturas e oferta de serviços integrados no apoio a empreendedores e empresas que se queiram instalar nestas infra-estruturas.

Já está inclusive agendada para Abril a assinatura deste Acordo entre as entidades e o lançamento das primeiras iniciativas.