25 Novembro 2015      15:20

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ENTRE O MEDO E A INDIFERENÇA

A época que testemunhamos é caracterizada pelo medo. Mas, o mais enigmático, para não dizer incompreensível, é que vivemos um período relativamente seguro, feliz e próspero.

Todavia, somos atormentados pela fragilidade da atual conjuntura, que determina condições de incerteza prolongada, numa sociedade altamente individualizada, em que se presume que cada indivíduo seja responsável pelo seu próprio destino.

No mundo dito ocidental, o medo e o terror são resultado do mal que efémera a sociedade e que é, em geral, atribuído a migrantes e muçulmanos, bem como, a intelectuais e políticos de esquerda, os quais, por sua vez, imputam responsabilidade aos ideais conservadores e liberais. Sobretudo, assistimos com indiferença à total falência da cultura ocidental.

Sem sombra de dúvida que o atual sistema europeu será incapaz de sobreviver a uma era de diáspora crescente e incontrolável. Questão problemática e irresoluta que alimenta ódios e temor, colocando a nu a profunda crise de valores que se instala no seio da União Europeia. Pululando, aqui e ali, discursos xenófobos e ultranacionalistas que inspiram violência. E, a violência fascina os seres moralmente mais fracos e, o seu uso mesmo que devotado a uma causa, jamais trará paz, progresso e prosperidade à humanidade.

A espiral de violência produz mais violência, dor, medo, intolerância, ódio, loucura, raiva e vontade de vingança. Sofrimentos como estes não aproximam, eles dividem e separam os sofredores. Como se sabe, olho por olho e dente por dente deixa o mundo cego e desdentado. E, de vingança em vingança, o terrorismo obriga-nos a caminhar aos trambolhões. O terrorismo é imoral, desumano e manifesta um total desprezo pela vida humana.

Agora, que todos estão empenhados em fazer guerra contra o terrorismo internacional, ocorrem-me certas dúvidas:
O que devemos fazer com o terrorismo de mercado, que castiga uma imensa maioria? Ou não são terroristas os métodos dos altos organismos internacionais, que à escala planetária dirigem as finanças, o comércio e tudo o resto? Por acaso não praticam a extorsão e o crime, ainda que matem por asfixia e de fome e não por bomba ou a tiro? Não são essas mesmas organizações que oprimem os direitos dos trabalhadores? Que trucidam a soberania nacional, a indústria nacional, a cultura nacional?

Ironicamente, a questão atual considerada mais relevante e importante é como não causar pânico nos mercados e como enviar os sinais corretos aos investidores.