29 Novembro 2015      23:55

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ECONOMIA DAS ALFACES

Tolerância.

Tolerância é um termo que vem do latim "tolerare" que significa "suportar", "aceitar". É o ato de indulgência perante algo que não se quer ou que não se pode impedir. A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita diferentes opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerância é denominada "tolerância social".

Sempre fui educado para ser o mais tolerante possível. Esta atitude, quando bem aproveitada pode trazer ótimos resultados, acreditem!

O problema é que nem toda a gente é adepta deste termo. Desconfio até que muitos desconhecem mesmo o seu significado, ou existência.

Nos últimos tempos tenho seguido com interesse os movimentos designados de "voltar à terra", cujo lema é basicamente querer aproveitar tudo o que a natureza e a terra lhes dão. Aproveitar e valorizar o natural em detrimento do uso exagerado de tecnologia, de lógicas marcadamente consumistas. Ideias que passam essencialmente por modos de produção biológicos, questões de sustentabilidade, reaproveitamento de recursos e comércio justo.

E eu, com a tolerância que  me caracteriza, consigo entender tudo isso, ainda que distanciar-me do papel de "diabo" que o todo o prezado economista carrega, não seja tarefa fácil.

A verdade é que tudo isto é muito giro... MAS com lógica empresarial e economia (qb) à mistura.

Pode até acontecer o modelo de cooperativa adaptar-se em determinadas situações. Admito que sim. Mas a verdade é que sem uma visão empresarial não se consegue criar valor e não criando valor não seremos capazes de criar emprego que permita fixar e atrair residentes a um Alentejo despovoado.

Tudo isto é muito giro...imaginem pensarmos fazer licores ou gelados artesanais com um qualquer recurso endógeno. Será que conseguimos subsistir financeiramente “SÓ” dessa atividade? Será que conseguimos sustentar a nossa família?

A nossa ideia “natural” fará sentido unicamente como convicção? E se aliarmos a economia e incorporarmos uma visão empresarial capaz de reforçar a competitividade destas atividades? Se registarmos uma marca, se inovarmos no design da garrafa, se procurarmos os mercados e lhes comunicarmos corretamente a nossa mensagem estaremos a desvirtuar a sua essência? Estaremos a corromper algum tipo de ideal?

Ou estaremos "SÓ" a incorporar valor? Valor esse que nos leve até quem sabe contratar uma ou outra pessoa...

Tudo isto é muito giro...podemos até plantar alfaces nos canteiros públicos e aproveitar a rega “gratuita”, mas será que adianta? De que nos servirá? O que ganharemos com isso?

Voltando ao início, nem toda a gente é tão tolerante como seria desejável. Muitas vezes, o ser radical e fervorosamente adepto de um mundo melhor, biológico e sustentável, que rejeite toda e qualquer economia pode não vir a ser muito giro…

É que: “Sim, tudo isto é muito giro”, mas… não nos alimentamos só de alfaces!