17 Novembro 2015      11:05

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A ECONOMIA DA GUERRA E DO TERROR

Depois dos atos de terrorismo que tiveram epicentro em Paris e com abalos sentidos um pouco por todo o mundo, é-me difícil escrever a habitual crónica sobre economia m tocar neste assunto.

Sem dúvida que se tratou de uma tragédia sem palavras, de um horror e terror inqualificáveis e mais um daqueles exemplos que envergonham a Humanidade e que vou ter sérias dificuldades em explicar ao meu filho que tem agora 4 anos. Porque é que Homens fazem isto a outros Homens? Em nome de que? De quem?

Évora e Paris estão separadas por cerca de 1.500 km, o que vem mostrar que a guerra pode acontecer “mesmo aqui ao lado”.

Talvez por causa desta proximidade a solidariedade, as homenagens, a consternação, a revolta, a tristeza e as palavras no Facebook atinjam níveis totalmente diferentes de quando assistimos a tragédias idênticas em outros (tristes) destinos.

Atos de terror iguais acontecem quase diariamente na Síria, na Palestina ou no Iraque…

E os massacres em África? Não merecem o nosso pesar?

As nossas orações devem estar com todas estas pessoas, pois não existem pessoas de primeira e pessoas de segunda. Atos de terrorismo matam e chacinam de forma fria e indiferenciada qualquer um!

Historicamente, as relações entre a Economia e as Guerras, apesar de obscura está lá bem presente. Situações económicas de crise podem potenciar o surgimento de guerras.

Tanto pode ser pelo descontentamento e da miséria em que um povo está mergulhado, abrindo a porta à instalação de ditaduras; ou pelo estímulo à economia que uma guerra acarreta, levando a que se imaginem inimigos e armas de destruição maciça onde elas não existem.

Não nos devemos esquecer que uma guerra traz consigo um aumento brutal de despesas com armamento e que o pós-guerra implica uma despesa colossal na reconstrução.

Por exemplo, existem teorias de que a II Guerra Mundial foi “criada” para combater a grave crise da “Grande Depressão”.

E ainda mais recentemente, o próprio Nobel da Economia Paul Krugman já veio dizer que a falta de grandes guerras está a prejudicar o crescimento económico!!!

Voltando aos últimos atos de terror cometidos pelo auto proclamado Estado Islâmico, também podemos encontrar razões económicas para refletir. Talvez não tanto nos motivos, que parecem ser mais de cariz religioso e com visões de apocalipse incluídas, mas no seu financiamento.

Esta organização e os seus elementos necessitam de ser financiados para continuarem a perpetuar atos bárbaros como estes.

A saber, as suas principais fontes de receitas provêm da venda no mercado negro de petróleo e de obras de arte roubadas, de resgates dos raptos que levam a cabo e até mesmo da cobrança de impostos religiosos.

Do outro lado da balança, as suas despesas são com armamento, também adquirido no mercado negro e com “recursos humanos”, com toda a cadeia de angariação de combatentes.

Já vi demasiados filmes de guerra para saber que a forma habitual de combater uma é através de mais e mais guerra. Responder com um tiro a outro tiro e depois de muita destruição e morte ainda se consegue declarar um vencedor. Vencedor de que?

Se a nível internacional não se comprar o petróleo e não se vender o armamento, estes terroristas acabam por ficar sozinhos, acabam por deixar de ter condições para continuar a lutar e a conquistar território, acabam por ser vencidos.

Vencidos não por uma bala, mas pela economia.