Sou e sempre serei uma defensora do direito à greve, como fonte máxima do direito de defesa dos interesses dos trabalhadores.
Para mim, todo e qualquer trabalhador tem direito à greve na medida em que o exercício de tal direito não comprometa nem o seu futuro nem o futuro da sua entidade patronal. Pegando na já conhecida frase “a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro”, podemos aplica-la a situações como a que se passa actualmente na TAP.
Compreendo as razões apresentadas pelos trabalhadores da TAP contra a privatização, sendo que sempre me pronunciei contra a mesma, uma vez que, dados os lucros que a empresa poderá vir a ter, seria muito mais benéfico para o Estado a manutenção da sua posição na empresa do que a venda a privados.
O que, por mais que tente, não consigo compreender é a tomada de posição de alguns trabalhadores relativamente aos dez dias consecutivos de greve.
É raro em mim mas neste caso tenho que concordar com o Secretário de Estado quando diz que, com esta greve, a empresa está a ser colocada em risco.
Não são “só” os voos desta semana que estão a ser colocados em causa. Como podemos ver em algumas das reportagens dos últimos dias, há pessoas que certamente não voltarão a viajar na TAP com o receio de voltar a passar pelos constrangimentos inerentes a este período de greve.
Ora, com os prejuízos dos dias de greve aliados aos prejuízos daí advenientes, os trabalhadores só estão a fazer um favo a eventuais compradores privados. Empresas com maiores prejuízos valem menos dinheiro, logo a proposta apresentada será sempre inferior à inicialmente ponderada.
Com estes prejuízos, muito provavelmente há salários e regalias legalmente previstas que deixarão de ser pagas, levando à insustentabilidade da empresa.
Mais flagrante se torna a situação quando todos os restantes sindicatos que se mostraram contra a privatização da TAP se mostraram igualmente contra esta greve por todos os prejuízos que a mesma já está a trazer à empresa.
Nenhum português deve tapar os olhos perante a privatização da TAP, no entanto, não devemos também deixar que a figura do direito à greve seja abusivamente utilizada para a prossecução de interesses que não os dos trabalhadores.
Defesa de direitos é uma coisa, defesa de posições individuais é outra completamente diferente e no caso da greve de 10 dias da TAP mais não temos que esta última posição.
Ainda não é tarde para reanalisar posições e prioridades.
Espero sinceramente que tal seja feito.