22 Outubro 2015      16:53

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DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL A NÍVEL LOCAL

Desenvolvimento territorial a nível local – O desafio da transferência de conhecimento

Um dos grandes desafios de contexto no interior do país e designadamente em territórios de baixa densidade é aprofundar a dimensão competitiva de vários setores, o que depois de alavancado, sustentará certamente um futuro conjuntural que garanta a coesão social.

Entenda-se por coesão social a conceptualização de politicas comuns e de cooperação entre os diversos parceiros sociais, integrando e fomentando através de ações especificas uma redução das assimetrias que durante décadas se vêm acentuando nos territórios de baixa densidade, como é exemplo a região de Évora.

Atenuar a reduzida competitividade de grande parte do tecido económico destas regiões é, portanto, essencial, na medida em que um país não pode, nem deve estar comandado a duas velocidades distintas. Para um verdadeiro desenvolvimento regional sustentável numa óptica económica será indispensável a maximização e valorização de benefícios relacionados com os recursos territoriais.

Muitas vezes ajuíza-se o tradicionalismo como um ponto de inflexão no crescimento, contudo atrevo-me a dizer que existe uma enorme potencialidade de se unir tradição e inovação, que quando consubstanciadas poderão definir novas cadeias de valor ou aproveitamento das existentes.

O território local continua para mim, como conterrâneo eborense e apaixonado pela região, a ser uma poderosa resposta aos desafios da globalização, podendo assim garantir uma tensão que resista a pressões de deslocalização produtiva.

Atendendo ao enquadramento redigido nos parágrafos anteriores, debruço-me agora na correlação de duas variáveis fundamentais na garantia de desenvolvimento na região.

Em primeiro lugar, deve-se garantir que no plano educacional superior, nomeadamente através da Universidade de Évora, seja garantido um elencar de atividades alargadas como colocar os estudantes em contato com o mundo empresarial, dotando-os de valências empreendedoras, suscitando o interesse pela inovação e tecnologia, e mais importante, garantir uma objetiva transferência de conhecimento.

Existe ainda um notório desfasamento epistemológico entre o mundo académico e o mundo empresarial, que não abona na maioria dos casos a criação de empresas, investimentos e empregos geradores de riqueza.

Em segundo lugar, devemos olhar com um enorme foco para o Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo, investimento distribuído por 9 fundadores, entre eles a Universidade de Évora. Tendo como inicio de atividade o dia 9 de janeiro de 2012, o PCTA é um espaço onde se potenciam as redes de trabalho, a cooperação e as parcerias, principalmente entre os centros de saber e as empresas.

Após a introdução contextual destas duas variáveis, creio que os desafios de competitividade atuais passem pela promoção da transferência de conhecimento e tecnologia das universidades para a economia, alicerçados em: criação de projetos co-financiados entre universidade/empresa com objetivos comuns na criação de valor; estimular a mobilidade entre academia/empresa através de investigações e estudos transversais aos dois universos ; mudar o paradigma da incubação tradicional, garantido além das infraestruturas logísticas um apoio técnico especializado que garanta acompanhamento.

Como jovem estudante eborense e integrado na Universidade de Évora, tenho plena convicção que somente esta visão que integra uma abordagem multifacetada, pode privilegiar e valorizar a região e o Alentejo na sua generalidade.

Finalizo reiterando que esta estratégia a médio/longo prazo poderá eficazmente inverter o despovoamento jovem do interior e contribuir para a fixação de recursos humanos qualificados, bem como para a retenção de capital intelectual garantindo por sua vez crescimento, inovação e um Alentejo para todos.