27 Junho 2015      18:45

Está aqui

ATELIER ABC – A ARTE DE “ENGENHOCAR”

Esta semana o Made in Alentejo é com Alexandra Barão Croca a culpada da existência do Atelier ABC. Natural de Évora, a Alexandra tem 25 anos e é fã de gatos e adora História e Arte. 

Procura viver pelo lema “Less is More” (Menos é Mais).

Atelier ABC - o nosso Made in Alentejo desta semana.

 

Tribuna Alentejo – A marca Atelier ABC dedica-se à criação de pins, ímans, presépios e santos antónios de cortiça, cadernos em cortiça pirogravada, colares, brincos... Como surgiu a ideia de dois de criar esta marca?

ABC – Apesar da marca ter nascido oficialmente a 11.11.2011 acho que a ideia foi surgindo naturalmente ao longo do meu crescimento enquanto pessoa. Desde sempre que gostei de criar, de história e de matemática. A minha mãe não queria uma “filhota” muito “mole” ou parada e acabou por ganhar uma muito curiosa e autodidacta que anda sempre a “engenhocar”. Foi com ela que aprendi a fazer do pouco muito... transformava caixas de relógios em computadores, coleccionava pauzinhos de gelado para fazer leques, criava anéis de contas que se tinham desprendido de peças... Após uma entrada desagradável no mundo do trabalho decidi iniciar a minha Árvore Genealógica e descobri que uma das minhas bisavós era costureira de fato de homem (profissão muito respeitada na altura) e que um dos meus bisavôs era carpinteiro. Essa descoberta reacendeu com força o meu gosto pelas artes e inspirou-me a criar o Atelier ABC, um “espaço” dedicado aos que gostam e aos que fazem artesanato.

Tribuna Alentejo – A tua área de formação está de alguma forma ligada a esta atividade ou foi um interesse / gosto pessoal que decidiste explorar?

ABC – Sim, definitivamente! Fiz o Curso de Artes na Escola Secundária Gabriel Pereira e tirei a Licenciatura em Artes Visuais, variante Multimédia na Universidade de Évora. Desde tenra idade que procuro fazer workshops que complementem a minha formação base. No currículo já conto com formações na área da Costura, Empreendedorismo, Encadernação, Gestão, Ilustração, Origami...

Tribuna Alentejo – Qual a tua relação com o Alentejo? Nasceste cá ou vieste para Évora mais tarde?

ABC – Filha de pais alentejanos, com raízes no alto e no baixo Alentejo, nascida e criada em Évora. Desde pequena que amo o Alentejo! Sempre que me afasto sinto falta da cor branca das casas, das comidas (pão alentejano com linguiça... upa upa!), dos cheiros, das pessoas (“Bom dia vizinha!”)...!

 

Tribuna Alentejo – Na tua opinião o que diferencia o Alelier ABC de outras marcas que criam os mesmos produtos?

ABC – A originalidade, a atenção ao detalhe, a autenticidade das técnicas utilizadas (ex. pirogravação em cortiça) e os designs dos produtos. Faço produtos únicos, com técnicas e designs criados por mim, sem ceder à tentação de copiar o que é feito por outras marcas ou artistas conhecidos no mercado.

 

Tribuna Alentejo – Como chegaste à definição da marca? Há alguma história interessante por trás da escolha do nome Atelier ABC?

ABC – Podia ter sido uma história muito interessante mas... foi bem simples e aconteceu naturalmente. São as iniciais do meu nome.  São também as três primeiras letras do alfabeto e rementem-me para o início, para o acto de começar a criar... Fez-me “clique” e ficou.

Tribuna Alentejo – Como é que os clientes podem adquirir os vossos produtos. A venda é feita essencialmente online, através da página do Facebook, ou há outras formas de chegar até ao Atelier ABC?

ABC – A venda é feita principalmente online, através da página do Facebook ( http://www.facebook.com/atelier.abc ), mas também temos produtos em lojas e poderão encontrar-nos em algumas feiras previamente anunciadas na página. Estamos continuamente a procurar novas parcerias e para já temos ímans e pins com a temática d0 livro e da leitura à venda na livraria Dom Pepe e pins dos cursos da Universidade de Évora no centro de cópias Copishop. No início de Maio estivemos presentes no 3º Encontro de Buldogues Franceses em Évora e estaremos novamente presentes no 4º, no dia 7 de Maio de 2016.

Tribuna Alentejo – Quais os principais desafios que encontras ao tentar expandir esta marca?

ABC – O maior desafio que encontrei até agora tem sido sem dúvida a aquisição da Carta de Artesão. Está a ser um processo muito moroso e que parece estar longe de chegar ao fim. Apesar de estar habituada a criar e ser um acto quase tão natural como respirar não tem sido fácil conseguir obter a classificação como artesã ou artesanato aos presépios de cortiça que crio por exemplo.

Tribuna Alentejo – Queres deixar alguma mensagem aos jovens da tua geração, sobretudo quando a grande maioria apenas encontra como alternativa a emigração?

ABC – Nunca desistam dos vossos sonhos e de fazerem aquilo que mais gostam. Sim, as condições económicas não ajudam e os apoios são escassos ou nenhuns mas todos temos algo para dar. Quando iniciei o atelier só tinha a minha formação e uma série de objectos que já não me serviam. Fiz trocas de bens e serviços, reciclei peças que encontrava junto aos contentores e a pouco a pouco fui criando o meu espaço de trabalho. Nunca recebi subsídios e uma grande parte do que recebia, investia. Com um pouco de criatividade, do pouco se faz muito.