28 Maio 2015      11:15

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AQUACULTURA

A humanidade, desde que se tornou sedentária, cresceu, multiplicou-se e inventou as trocas comerciais. Porquê? Porque foi capaz de domesticar a produção do que a alimentava quando era nómada, porque obrigada a mudar-se sempre que se esgotavam os recursos alimentares disponibilizados pela natureza. Plantas, mamíferos e, mais tarde, peixes. Apesar das disparidades entre regiões no mundo, onde a fome crónica ainda afecta milhões de humanos, hoje cultivamos tudo em quantidades suficientes para nos alimentarmos e para vendermos aos outros como alimentos.

Assim a aquacultura é uma das atividade de produção animal que mais cresceu nas últimas décadas, contribuindo para dar resposta a necessidades alimentares humanas com proteica de elevada qualidade. No entanto a intensificação do regime de produção conduz a grandes cargas/densidades animais, tendo-se atingido na anguilicultura  os mil quilogramas de peixes por m3, embora no cultivo intensivo de truta arco-íris, de robalo e dourada ultrapassa-se as dezenas de quilogramas na mesma unidade de volume.

A elevada concentração de peixes stressa-os pelo contacto permanente entre si como em resultado da competição pelo alimento. Por outro lado, esta aparente «promiscuidade», facilita a eclosão e transmissão de doenças contagiosas, a maioria delas causadas por agentes presentes na água e sedimentos. Nestas condições, sobretudo as doenças causadas por vírus e bactérias podem causar perdas significativas, não só devido a mortalidade súbita elevada, mas também a todas as perturbações do estado de saúde destes animais, que reduzem o seu apetite, repercutindo-se primeiramente na produção mas também no ambiente devido à eventual necessidade de aplicação de fármacos e outros produtos sanitários.

É assim evidente a importância do conhecimento das principais doenças dos peixes e os métodos e técnicas para o seu controlo, o qual poderá contribuir também para uma aquacultura mais sustentável económica e ambientalmente, o que se propõe fazer a palestra no âmbito da unidade curricular “Aquacultura” integrada no Mestrado Integrado de Medicina Veterinária da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora e que conta com um especialista, Jaime Eduardo N. de Sousa e Menezes, nascido no Luena, Angola, em 1937.

Jaime Eduardo N. de Sousa e Menezes licenciou-se em Ciências Médico-Veterinárias na Escola Superior de Medicina Veterinária de Lisboa.

A sua área de trabalho tem-se centrado na Ictiopatologia (estudo das doenças de peixes), Aquacultura, Preservação do Ambiente e dos Recursos Vivos Aquáticos. Foi Investigador e Director do Departamento de Aquacultura do INIP-Instituto Nacional de Investigação das Pescas/IPIMAR-Instituto Português de Investigação Marítima. É Professor Convidado em cinco universidades nacionais e Bastonário e Presidente da AG da Ordem dos Médicos Veterinários. Para além disso já publicou 80 trabalhos em publicações periódicas nacionais e internacionais.

A iniciativa é da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora e decorre amanhã, 29 de Maio, às 14.30h, na Sala 103 do Colégio do Espiríto Santo em Évora.