19 Setembro 2016      16:48

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A CAIXA: E AGORA?

Parece claro que, ao longo dos anos, o senso comum e a responsabilidade social no exercício de funções na Caixa Geral de Depósitos foram características, eufemisticamente imputadas a “ninguém”. Melhor dizendo e já em último grau, ao contribuinte português.

Os erros no banco foram tendo efeitos retroativos e acumulativos, fruto da ingerência nos negócios protagonizados ao longo dos anos. Para que conste, e como um arauto da ruindade das contas do banco, de 2011 a 2015, os prejuízos apresentados atingiram quase os 2 mil milhões de euros.

Agora existe uma missão clara por parte da nova administração que per si, iniciou funções fragilizada, dada a inépcia de um Governo que nomeou individualidades para a nova equipa e no qual a Comissão Europeia, prontamente, apontou como incapacitadas para o exercício de funções administrativas num banco. Já começamos a entender o tipo de pessoa que gere muitas vezes estas Instituições...

Mas falando nos negócios devastadores que mais problemas colocaram à Caixa, temos que retroceder ao ano 2005, onde o socialista Carlos Ferreira (Presidente da CGD) e o homem próximo de José Sócrates, Armando Vara, se deleitaram com negócios da mais duvidosa natureza.

Vale de Lobo, imparidades na ordem dos 136 milhões de euros, tendo sido este projeto “apadrinhado” por Armando Vara, estando atualmente a ser alvo de escrutínio no processo “Operação Marquês”. Mas temos ainda, as perdas de 181,4 milhões de euros na Autoestrada do Douro Litoral e 76,7 milhões associados ao Grupo Lena (A empresa que subornava Sócrates).

Também sob a liderança da dupla referida anteriormente, a Caixa concede empréstimos a vários empresários para que estes comprem ações do próprio banco, sendo estas mesmas ações a garantia do empréstimo. Ora em 2008, com o rebentar da bolha imobiliária e a consequente crise financeira internacional, as ações compradas passaram a valer feijões, o que significa que essas mesmas ações, quando executadas, traduziram-se na perda de várias centenas de milhões de euros.

Por estas e muitas outras razões, o banco encontra-se hoje com as necessidades financeiras que lhe conhecemos, relembrando ainda que o Estado, por hora do tempo em que o banco apresentava resultados positivos, saiu sempre lesado, resultado das várias injeções monetárias que lhe concedeu.

E agora? Isto vai ao lugar? Mesmo com a redução do número de balcões, a redução de pessoal, a venda de participações noutras empresas e a tentativa de aumentar as receitas (com taxas de juro quase igual a zero a missão será difícil), a nova administração não terá a vida facilitada na tentativa de estancar a hemorragia do banco.

Em súmula, exige-se uma maior idoneidade moral, aquando de nomeações para cargos executivos com uma responsabilidade elevada, tal como é o caso da CGD. Não nos podemos dar ao luxo de continuamente, andar a apaziguar “fogos” e a proteger individualidades, quando estas foram coniventes e hipócritas em situações que colocam todos os portugueses em cheque.

Aristóteles dizia que a virtude se encontra no nosso poder, mas também o vício se encontra imbuído nele. Porque quando temos o poder para agir, também temos o vicio de poder não agir, e pessoalmente, acredito que são necessárias cada vez mais vozes, corajosas e firmes, para que o nosso país possa ser reformado sem medos e sem receios.