2 Junho 2016      14:29

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UM STARTUP NEIGHBORHOOD PARA ÉVORA

O empreendedorismo está definitivamente na ordem do dia da sociedade portuguesa, e ainda bem! Este movimento - que congrega paixão, conhecimento, iniciativa, resiliência e transformação, que cria valor e promove a autorrealização do individuo, que oferece a resposta a muitos problemas societais e/ou supre simplesmente necessidades de mercado,- veio para ficar também na nossa região.

De facto, será verdade dizer que as políticas dos últimos anos, a crise e a diminuição de empregos por conta de outrem, mas também uma nova forma de estar trazida pela geração dos millennials – mais flexíveis, liderantes, abertos ao risco, ávidos de conhecimento, sempre on-line e tirando enorme partido do social networking - colocaram o ecossistema empreendedor de Portugal numa das suas melhores fases, ocupando Lisboa uma posição de claro destaque no panorama nacional, sendo uma hoje das cidades mais trendy a nível europeu.

Hoje o ecossistema português, de uma forma geral, mas também no Alentejo, tem boas entidades de suporte, como incubadoras, viveiros de empresas, aceleradoras e outras entidades “polinizadoras”; a investigação e academia envolvem-se e são envolvidas, e várias sãos as licenciaturas no qual este tema é abordado; existe alguma disponibilidade de capital, alguns investidores e em breve estarão disponíveis vários instrumentos financeiros via Portugal 2020; existe um alinhamento de políticas públicas, nacionais e europeias; existem vários casos nacionais de sucesso que inspiram outros tantos para a ação; existe uma cultura empreendedora que tem vindo a ser disseminada através de inúmeros concursos de empreendedorismo ou ações junto da comunidade educativa (como bem reportou o Expresso no passado dia 16 de Maio num artigo intitulado “Já há mais de 300 mil crianças a aprender como se cria um negócio”).

Esta transformação é também já uma realidade na nossa região, tornando-se pouco a pouco o nosso ecossistema empreendedor mais completo e maduro. Tomemos como exemplo o passado mês de Abril, o qual foi profícuo de eventos e iniciativas ligadas ao tema, nomeadamente: realização de uma fase regional do BIG Smart Cities, promovido pela Vodafone e Ericsson; a realização da fase regional do concurso A Empresa da Junior Achievement Portugal; realização do concurso Start & Go Alentejo promovido pela Alentejo de Excelência; o lançamento do Programa Empreender +, promovido pelos Núcleos Empresariais do Alentejo; o lançamento do Programa Semente, iniciativa do Tecnopolo de Sines e EDP; o Concurso Empreendedorismo Marvão; entre outros.

Tive a feliz oportunidade de estar ligado, profissional, ou por via da cidadania ativa, às primeiras quatro iniciativas referidas, bem como a outras iniciativas nacionais onde alguns projetos do Alentejo têm sido finalistas. Devemo-nos por isso congratular pelo esforço que tem vindo a ser desenvolvido pelos empreendedores e pelas estruturas de suporte que os têm acolhido e apoiado, bem como o empenho, trabalho e competência dos vários docentes envolvidos nos concursos universitários ou secundários, que não se negaram a esforços para apoiar, motivar e mobilizar vontades para que as “suas“ equipas alcancem os melhores resultados.

Acredito que Évora poderia liderar mais este movimento no Alentejo, trabalhando para ser uma micro Startup City, envolvendo-se neste movimento global, beneficiando do efeito de alavancagem e proximidade a Lisboa, e resgatando-se definitivamente para um futuro contemporâneo.

No âmbito de um plano integrado mais vasto, poderia desenvolver um Startup Neighborhood (algo à imagem da Lx Factory ou de outros exemplos internacionais), integrando uma forte componente de regeneração urbana, inovação e criatividade, sociabilização, novas oportunidades para novos negócios - da restauração às indústrias criativas, da arte e cultura às novas tecnologias, entre outros -, oferecendo espaços para iniciativas, funcionado como fórum de debate e reflexão, criando novas dinâmicas de atratividade turística e profissional, novas relações entre profissionais, fixando e atraindo população jovem qualificada, acrescentando valor para a região.  

Évora tem condições de acessibilidade, de investigação e desenvolvimento, tecnológicas, históricas e patrimoniais, um ecossistema empreendedor em crescimento, uma dimensão muito atrativa e vários espaços urbanos com excelentes condições para o desenvolvimento de um projeto desta natureza, dentro ou fora de muros, com maior ou menor dimensão, com este ou aquele modelo de gestão… Os recursos necessários, estou certo, seriam possíveis de encontrar num curto ou médio prazo através de financiamento comunitário.

Acredito que este seria um projeto mobilizador, transformador e vencedor para a nossa cidade, inclusivo, multidisciplinar, promotor de desenvolvimento e de oportunidades.

E estou convicto de que, apesar das dificuldades inerentes a um projeto desta natureza, seria possível de concretizar! Bem mais até do que as vacas voarem!