6 Setembro 2016      09:55

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A OPOSIÇÃO DOS NÚMEROS

Durante a semana passada, assistimos a mais um duro golpe infligido ao Governo. Desta vez, não pelos partidos políticos da oposição, mas sim pela invisibilidade dos números. Ainda que intangíveis na sua morfologia, são os únicos que podem baralhar e incomodar este Governo socialista.

Aquilo que o INE nos transmitiu foi que a economia está parada. Primeiro, a meta do crescimento prometida pelo executivo fica a metade daquilo que tinha sido previsto, tendo em conta uma previsão de 1,8%, contra um resultado real de aproximadamente 1%.

Depois, com tanta expectativa criada em torno da avalanche de promessas do PS e do seu comprometimento, a par dos partidos que apoiam esta solução governativa, verificamos um crescimento global inferior ao registado no ano de 2015. Por miúdos, iremos crescer menos!

A crença de que o consumo privado iria alavancar e suportar o crescimento da economia, também parece ser uma fórmula que não está a recolher os dividendos esperados. Pode até ser verdade que os portugueses tenham um pouco mais de rendimento disponível para gastar, no entanto, muitos são aqueles que se encontram em processos de amortização de dividas e outras tantos poupam com a incerteza do futuro.

Por existir um cenário de incerteza, o investimento está pelas ruas da amargura, ou porque não há capacidade de resposta financeira para os diferentes projetos, ou porque a confiança num Governo suportado pelas esquerdas populistas não abona a favor da credibilidade e do bom senso.

Após este elenco de informação que em boa hora se diga, não é positiva, não devemos agir como profetas da desgraça, porque estamos apenas, a constatar a realidade que se cruza com a nossa vida diária. Talvez por isso mesmo, por ser uma realidade desagradável, o Governo tente a todo o custo empurrar os problemas sem os comentar.

George Orwell descrevia na sua grande obra, 1984, o slogan do partido ficcionário por ele criado para dar a entender a construção da sua alegoria, em tom de sátira, ao Estalinismo: - “Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”.

Tal como os regimes autoritários, o PS de António Costa tem uma grande preocupação com a linguagem que transmite para a opinião pública, porque ele sabe bem a importância que a distorção das palavras tem.

Nesse seguimento, eu pergunto onde está toda a gente, enquanto o país está a afundar? - Onde está a UGT e a CGTP? E Mário Nogueira, líder da FENPROF que passou a ser conselheiro do Ministro da Educação?

Convulsões em torno do próximo OE-2017, mais precisamente em relação ao quase certo congelamento salarial no Estado? As cativações financeiras que certamente se irão transformar em cortes definitivos? Parece que toda a gente, subitamente, deixou de se lembrar dos gritos de revolta dirigidos ao anterior Governo, quando as questões centrais eram precisamente as mesmas...

Perdidos num marasmo de interesses e ambições pessoais, é tempo de manter a esperança acesa, nomeadamente naqueles cujo os compromissos são primeiramente com a sociedade e com os portugueses, e que, não fogem dos problemas sem explicações, nem cumplicidades ideológicas. 

 

Imagem de capa do Jornalismo Porto Net.