2 Março 2017      14:10

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AS OBRAS DO COSTUME ESTÃO DE VOLTA

As eleições autárquicas estão cada vez mais próximas e as listas candidatas e os respectivos candidatos vão começando a aparecer. É tempo das equipas pertencentes a Executivos Municipais que se queiram voltar a recandidatar, de olear a estratégia e meter mãos às obras.

Como? É fácil, basta verificar nos nossos Concelhos desde os mais pequenos arranjos, à requalificação de bens municipais, até à nova prioridade em tapar o buraco da estrada da nossa terra que já poderia estar tapado há mais de 10 anos.

Avanço com este tema, pois observo o nosso Distrito de Évora cada vez mais despovoado. Dados comparativos do INE demonstram que a única faixa etária que aumentou a população de 1981 a 2011, foi a de +65 anos. A população dos 0 aos 25 anos passou de cerca de 63 mil habitantes para cerca de 38 mil jovens habitantes. Este decréscimo de 40% é deveras preocupante e a estratégia de inversão destes dados tem sido nula e deve começar nos Municípios.

Passados mais de 40 anos do Portugal Democrático, os temas do inicio da década de 80 continuam a ser as prioridades actuais de muitos Municípios Alentejanos: Por exemplo, a água, canalização e as estradas. Andou-se a cometer erros atrás de erros em erradas construções de depósitos e condutas de água. Além das obras da estrada x ou y continuarem por arranjar depois de ser investido muito dinheiro do erário pública.

Além disso, para garantir centenas ou milhares de votos tornou-se num dever todo e qualquer Concelho ter piscinas, estádios municipais com sintéticos ou relvados, pavilhões gimnodesportivos e muitos deles construíram pavilhões multiusos que custaram milhões de euros e que estejam praticamente vazios durante todo o ano.  

Perante todas estas políticas eleitoralistas, tem-se demonstrado a falta de diálogo entre os diferentes agentes Municipais pois em vez de se ter criado uma estratégia de partilha de recursos e de infra-estruturas, tem se construído por exemplo 3 piscinas municipais (cobertas e interiores) num raio de 15 km’s, quando o grau de envolvimento da população não justifica tal quantidade.

E quanto às prioridades actuais? Num mundo global e de grande desenvolvimento tecnológico os Municípios e os políticos do poder local têm a obrigação de se actualizarem. Quando se olha para as Smart Cities como um exemplo a seguir, não podemos continuar com a mentalidade igual aquela existente há 40 anos atrás. Precisamos de ter uma Comunidade Intermunicipal (CIMAC) preocupada com este decréscimo de população jovem. Precisamos de uma CIMAC com um plano multilateral em que os Municípios cooperam entre si, apostando e divulgando as principais potencialidades entre si e em feiras internacionais. Não precisamos de uma administração local grande e a promover os “jobs for the boys” ( principalmente em alturas de eleições). Precisamos sim de um poder local forte na atracção de um maior número de empresas que possibilite a criação de novos postos de trabalho e por consequência, o desenvolvimento e a dinâmica dos Concelhos.

Existiram ao longo destes anos Autarcas com grande visão das mais variadíssimos forças políticas. Contudo e tendo em conta o fraco desenvolvimento de muitos Concelhos acho que tem existido um grande número de Autarcas que apenas pensa nos votos que lhes garantam a sua manutenção no poder. E Estes não poderão continuar a gerir os destinos das nossas populações, senão dentro de décadas o Distrito de Évora verá cair de forma ainda mais drástica o seu número populacional, avançando para a desertificação total.

Imagem de capa da Câmara Municipal de Évora.