3 Agosto 2017      11:33

Está aqui

NEM O COMBOIO VEREMOS PASSAR...

Li com preocupação o Manifesto “PORTUGAL- UMA ILHA FERROVIÁRIA NA UNIÃO EUROPEIA” (pode consultar aqui) elaborado e subscrito por Empresários, Engenheiros, Economistas, Investigadores e Professores Universitários sobre o panorama actual e futuro das linhas ferroviárias do nosso País.

Segundo o manifesto, em termos ferroviários, os subscritores receiam que Portugal fique afastado da União Europeia e dependentes dos portos secos de Vigo, Salamanca e Badajoz. Pois assim que Espanha tiver completa toda a sua nova rede ferroviária, os nossos comboios não poderão prosseguir viagem. Porquê? Porque teimamos em continuar com a centenária bitola ibérica, ao invés de avançarmos com a bitola europeia utilizada pelos restantes países da rota principal europeia e em fase de grande desenvolvimento em Espanha. Teimamos em fazer uma ou outra remodelação nas linhas existentes e não estamos a aproveitar os fundos comunitários, pois segundo o Manifesto as comparticipações poderão chegar aos 85% a fundo perdido.

O que Portugal precisa a nível ferroviário para passar de um País ultrapassado e velho para um País moderno e desenvolvido é trocar a bitola ibérica (1668mm de distância entre carris) para a bitola europeia (1435mm), electrificação (25KV), sistemas de comunicação (GSM-R), sistemas de sinalização e controlos (ERTMS) e traçados compatíveis com comboios de 750 metros.

Numa altura em que o crescimento económico cresce gradualmente e que até temos um Governo que tinha como principal bandeira eleitoral o investimento público, é urgente pensarmos melhor o que queremos para a nossa linha ferroviária, além de pequenas obras de reparação.

Já nem quero comparar Portugal a todos os Países da União Europeia, mas não podemos ter uma Península Ibérica a diferentes velocidades. O facto do transporte de mercadorias e de passageiros ter que ser movido para outras carruagens Espanholas nas  diferentes plataformas logísticas e estações acarretará maiores custos para as Pessoas e para os Empresários, além de maiores perdas de tempo, claro.

O “comboio” dos fundos está a passar e corremos o risco de ver o financiamento da União Europeia desaparecer. Se nada fizermos a respeito, os nossos comboios ficarão literalmente parados na fronteira e no tempo devido à nossa inércia e falta de visão.

Já vamos atrasados. Mas ainda poderemos ir a tempo! É hora de decidirmos que tipo de País queremos ser em 30 ou 40 anos.