10 Novembro 2016      11:13

Está aqui

GOD BLESS AMERICA

O Mundo parou com as Presidenciais 2016. O Mundo indignou-se com a surpreendente eleição de Donald Trump. O voto popular prevaleceu sobre qualquer sondagem ou especialista que apareceu nos EUA, fazendo recordar o referendo sobre o Brexit.

Confesso que não estava à espera deste terrível desfecho, tendo em conta as idiotices pronunciadas durante toda a campanha e em especial nas primárias, por Donald Trump. Mas a política nos EUA é o que é. Muito espetáculo, demasiados soundbites. Muito influenciada pelas estratégias dos Spin Doctors, um enorme marketing político envolta das candidaturas. Vejamos a transformação que houve nas presidenciais de 2008 que levaram, felizmente, Barack Obama à vitória: A política 2.0 – Uma aposta vitoriosa na política digital que aproximou o seu programa a um maior número de eleitores. Claro que neste exemplo, o protagonista foi a peça chave para o sucesso.

Hillary Rodham Clinton, uma Política de tradição, sem emoção. Uma Política da máquina. Do aparelho e do “establishment”. Não teve “pernas” para aguentar um adversário completamente antagónico na postura e nas suas ideias. Os Americanos fartaram-se de “mais do mesmo”. Fartaram-se dos discursos artificiais e da seu politicamente correcto. E a estratégia da equipa de Hillary Clinton não aproveitou a oportunidade de puxar o eleitorado de Bernie Sanders devido, talvez, aos seus comprometimentos com Wall Street. Muitos Millennials e anti-sistemas, acabaram por mobilizar o seu voto para Donald Trump. Os opostos, atraiem-se. Os dois extremos acabaram por derrotar Hillary Clinton.

Trump, o milionário. O homem que é estrela graças à fortuna e sucesso que o Pai lhe deixou. Um Homem sem princípios. Um espertalhão doutorado em fugas aos impostos. Apostou num dos maiores e mas velhos truques: o orgulho Americano. Apostou e ganhou.

Ganhou. E agora? Não era o candidato que eu desejava. Mas não será certamente o fim do Mundo. Esta nova Administração Republicana tem na mão aquilo que Obama queria ter na dele no último mandato: Os Republicanos dominam o Senado e a Câmara dos Representantes e muitos dos senadores, representantes e a equipa que acompanhará Trump na Administração não são tão loucos quanto o vencedor. É verdade que haverão mudanças significativas nas políticas internas e externas. O pensamento ideológico Republicano assim o exige. Contudo, acredito que os Republicanos não permitirão, nem deixarão que Trump concretize metade das “bacoradas” que foi dizendo ao longo da campanha presidencial.

Aliás, em certa medida Trump faz-me lembrar Alexis Tsipras que depois de muitas promessas eleitorais, quando chegam ao poder terão que cair numa realidade diferente das utopias e radicalismos que os mesmos proferiram e imaginaram antes de vencerem as eleições. No entanto Tsipras é político, Donald Trump não. O que me leva a questionar se este último tencionará ou conseguirá cumprir o mandato de 4 anos à frente da Casa Branca? Ou se optará por voltar aos seus reallity shows para propagar as suas mensagens boçais favoritas?

Entretanto, é necessário não cair em pensamentos alarmantes porque de facto a América é realmente grande demais para um tipo como Donald Trump mudar o sistema como o diz. Conforme entrevista ao Expresso em Julho, o General Michael Hayden (ex director da CIA e da NSA) em caso hipotético (na altura) de Trump vencer, disse e cito: “Diria aos meus amigos Europeus para não recearem. Os Estados Unidos são uma democracia constitucional, com um sólido sistema de checks and balances (controlos e equilíbrios que ajudam a harmonizar os poderes legislativo, executivo e judiciário). Não há motivos para qualquer pânico.”.

Estejamos atentos aos próximos capítulos, porque o Mundo está de facto numa acelerada mudança. 

Na imagem de capa: DONALD TRUMP BY GAGE SKIDMORE, UNCLE SAM BY JAMES MONTGOMERY FLAGG, HILLARY CLINTON BY C-SPAN