30 Março 2017      12:28

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THE DAY AFTER BREXIT

Ontem foi entregue pelo Reino Unido a carta que formaliza a invocação do artigo 50º do Tratado de Lisboa e assim oficializar o pedido de saída da União Europeia. As negociações começarão agora e poderão durar um prazo previsto de 2 anos (prazo este que é expectável terminar antes das eleições Europeias de 2019).

Está dado o passo, naquele que será o acordo que mudará a Europa desde há 60 anos para cá. Fica na incerteza se este acordo irá satisfazer os 27 Países-membros da União Europeia e o Reio Unido. Mas uma coisa é certa, não haverão vencedores nem poderão existir vencidos, dada a complexidade de interesses envolvidos em ambas as partes.  

Theresa May já demonstrou ser favorável a uma saída firme da UE através do controlo de imigração, o fim do orçamento comunitário e a recusa jurídica do Tribunal de Justiça da União Europeia. Contudo tais posições, não serão fáceis de assimilar por parte dos 27 Estados-Membros da UE, sem que estes imponham outras pesadas condições também. Por exemplo nas trocas comerciais em que as exportações do Reino Unido para a União Europeia equivalem a 45% e as exportações europeias para o Reino Unido representam um valor bem inferior de 16%.                                                                        A Noruega poderá servir de inspiração nessas negociações. Sem pertencer à União Europeia, adopta alguma legislação europeia e integra o Espaço Económico Europeu, permitindo a livre circulação de Pessoas, bens, serviços e capitais dentro do Espaço Schengen. Caberá também à União Europeia fortalecer os laços dentro dos 27 Estados-Membros, de forma a evitar novas saídas do projecto Europeu.

 Acredito, quanto a Portugal, que se aposte num diálogo bilateral com o Reino Unido, fazendo uso da sua velha aliança considerando o número de Portugueses lá residentes (cerca de 99 mil Pessoas) e as trocas de bens entre os dois países. Falando em velhas alianças, convém também ter em consideração, a velha e importante aliança que sempre existiu entre o próprio Reino Unido e os EUA. Ainda por mais agora, com os seus representantes políticos mais fechados à globalização e com discursos defensores do antigo modelo Estado-Nação.                                                                                  

Aguardemos com expectativa, as linhas de negociação apresentadas amanhã pelo Conselho Europeu e a caminhada que será trilhada a partir daí. Caminhada esta que decidirá o modelo que se quer no futuro para o velho continente.

Imagem: Capa da edição de ontem do jornal The Guardian